Já pensou em alugar?

Perdi a conta da quantidade de pessoas que já me procuraram, de todos os cantos do Brasil, perguntando algo como: “Preciso comprar um som pra fazer uns eventos. O que preciso?”. A medida do possível, eu oriento: “Você precisa de uma mesa, de caixas para PA, caixas para retorno, pedestais, microfones assim, microfones assados, cabos, multicabos, direct boxes, adaptadores, cabos de AC, hard-cases, uma boa caixa de ferramentas para algum imprevisto, um carro utilitário para transportar, um lugar para guardar toda essa bagunça, “chapas” para ajudar a carregar, alguns anos de experiência e estudo para realmente saber o que está fazendo e muita, muita disposição.”.

É bem frequente que esse discurso termine com uma discreta cara de desânimo, já que a pessoa começa a fazer algumas contas de cabeça e percebe que aquele orçamento que ele fez na loja da cidade não mostra nem metade do investimento que realmente deve haver. Em outros casos, também não raros, a pessoa mentaliza (e deixa transparecer sem querer) aquele sentimento de “Que exagero! Não preciso disso tudo para montar um sonzinho”.

Este artigo tem como objetivo detalhar melhor a frase que quase sempre acabo falando nesse tipo de conversa: “Você já pensou em alugar?”. Também visa dar um outro ponto de vista para quem quer se aventurar nesse mundo como empresário, e quer fazer bem feito.

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LOCADORES e locadores

Em todo o Brasil, desde as capitais até cidades do interior, a quantidade de locadores de som é de se assustar. É claro que (refletindo o perfil dos empreendedores brasileiros) a grande maioria são informais, sem pessoa jurídica ou grandes controles de qualidade. São os famosos “caras do som”. Eles têm um equipamento e alugam nos finais de semana para ganhar um dinheiro extra. Muitos deles não chegam nem perto dos padrões de qualidade que busco incentivar nos parágrafos iniciais deste artigo, seja por falta de vontade empresarial, por falta de concorrência ou por falta de demanda na região, que faz com que o faturamento do negócio não seja suficiente para melhorias.

Principalmente nas capitais, já podemos encontrar outro tipo de locador: empresas formais, com alguns ou vários funcionários, equipamentos de qualidade, que prestam serviços para grandes empresas, participantes de licitações públicas, emissores de nota fiscal e etc.

Deixo claro que nem todos os locadores informais prestam serviço de má qualidade, da mesma forma que nem toda grande empresa é sinônimo de bom atendimento. Sabemos bem que nem só de equipamentos vive uma empresa de som. Predicados como pontualidade, educação, organização, capacitação técnica, honestidade e semelhantes são indispensáveis, e não precisam de um CNPJ para existir.

 

COMO ALUGAR?

  1. Qual será o uso do equipamento?

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Parece simples, mas nem sempre é. Qualquer fornecedor de sonorização, antes de lhe dar um orçamento, precisa entender do que se trata o evento. Pode ser uma banda complexa, um voz/violão simples, som mecânico, ou um evento corporativo do tipo palestra, por exemplo. Isso muda completamente o tipo e a quantidade dos equipamentos a serem fornecidos e, obviamente, o preço.

Lembre-se que nem todo locador é DJ e às vezes sequer dispõe de repertório musical. Eventos diferentes têm públicos diferentes, e por isso requerem músicas diferentes. Se a ambientação musical é um fator importante para você, cogite a contratação de um DJ. Muito provavelmente o locador recomendará algum de confiança. Caso seu orçamento não o permita, faça a seleção musical desejada e entregue-a ao locador durante a montagem do evento.

Deixe claro os recursos que você precisa e esclareça a necessidade de itens como backline, sistemas sem fio, CD player, gravação do áudio e transmissão para meios de comunicação/internet.

 

  1. Qual o dia e local do evento?

É necessário saber o dia e local do evento antes de procurar a locação. As razões são óbvias: A disponibilidade de agenda e distância do local alteram o valor do serviço.

Alguns dias são considerados “nobres” para quem trabalha com eventos. São aqueles dias em que a maioria está de folga, indo para festas ou estando com a família, enquanto o pessoal dos eventos trabalha como nunca. Uma empresa de locação tem muitos custos, e muitos deles aumentam nesses dias.  Se prepare para pagar mais caro em datas como réveillon, natal e carnaval.

A maioria das empresas de locação tem agendas mais cheias nos finais de semana e ociosas entre segunda e quinta-feira. Se quer economizar, tente adequar seu evento a esses dias.

Quanto à distância e deslocamento, os custos podem aumentar devido ao gasto de combustível, gastos de alimentação, hospedagem e até por questões de segurança.

RIDER TÉCNICO

Em especial no caso de bandas, é muito interessante que alguns documentos sejam enviados para o locador. Esses são fornecidos pela própria banda, e são:

  • Rider Técnico – É a lista de equipamentos (específicos ou genéricos) que a banda exige para se apresentar. Podem ser simplificados ou bem detalhados e rígidos, dependendo do nível de refino técnico que a apresentação exige.

 

  • Mapa de Palco – Descrição de como a montagem deve ser feita, em especial a disposição dos músicos e equipamentos no palco. Em geral é feito em forma de ilustração a fim de representar graficamente como deve ficar o palco. Também é aqui que se diz onde deve haver pontos de energia (com descrição do padrão dos conectores, tensão e corrente necessária) e a exata posição dos pedestais e caixas de retorno.

 

  • Input List – Normalmente é em forma de tabela, listando todos os “inputs” utilizados pela banda na ordem que desejam que sejam conectados aos canais da mesa de som. Também é comum que seja escrito as opções de microfones aceitos para cada uso e o tipo do pedestal desejado (baby, padrão, girafa, etc).

Normalmente esse item é enviado por bandas que carregam consigo uma equipe técnica própria. Nesse caso, veja a possibilidade da mesma acompanhar a empresa locadora durante a montagem.

 

  • Output List – Semelhante ao Input List, visa esclarecer como as saídas de sinal da console devem ser conectadas, como PAs, sides, retornos, in-ears, gravação e etc.

Mapa de Palco

 

 

OUTROS SERVIÇOS QUE PODEM SER NECESSÁRIOS

Alguns serviços complementares à sonorização nem sempre são necessários em todos os tipos de eventos, e raramente a mesma empresa fornecerá todos. Avalie a necessidade e busque recomendações de quem pode prestar o serviço. Alguns deles são:

  • Palcos, praticáveis e tablados;
  • DJ e VJ;
  • Estruturas metálicas, grids e porta-banners;
  • Equipamentos de iluminação;
  • Telões, televisores, vídeo-wall e painéis de LED;
  • Geradores de energia;
  • Cenografia e decoração de palco;
  • Fotografia e filmagem;
  • Gravação e degravação;
  • Tendas e outras coberturas;
  • Pirotecnia, entre outros.

CONCLUSÃO

Seja como locador ou locatário, a experiência é fundamental para fazer bons negócios! Os primeiros eventos sempre serão marcados por imprevistos e coisas que poderiam ter saído melhor. Busque sempre compartilhar experiências com pessoas que estão há mais tempo no mercado e montar uma equipe competente e de confiança.

 

Artigo escrito por Gabriel Roesner Lima em 20 março de 2015

2 Comments on "Já pensou em alugar?"

  1. Muito bom Everton! Simples e direto, excelente sintetização.

  2. fato!
    gostei do post, muito bom para quem inicia

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