Mesa Mackie CFX-20

Depois que o dono da Mackie 1604VLZ Pro mudou da minha igreja para outra, a igreja comprou uma Behringer SL3242FX-Pro. Mas eu também precisava comprar uma mesa para mim, para meu uso pessoal. Tudo bem, a Behringer é muito boa e tem preço excelente, mas a Mackie… me deixou com uma saudade…

Fiquei quase 30 dias olhando todos os dias o MercadoLivre. Um belo dia, encontro um rapaz do Rio de Janeiro vendendo uma Mackie CFX-20, muito nova, toda perfeita, usada somente em estúdio, no ar-condicionado. Dei o lance na hora. O valor? R$ 1.500,00. Só para comparação, nos EUA essa mesa custa 850,00 dólares (aproximadamente 1.800 reais). E nem frete tive que pagar, pois meu pai estava no Rio de Janeiro naquela semana, fiz o depósito e o vendedor entregou onde ele estava. Costumo dizer que essa mesa foi presente do Senhor.

Trabalhei 10 anos com a 1604VLZ Pro. A melhor definição que tenho para ela é: PERFEITA. Para mim, é a mesa definitiva! Mas também não posso reclamar da Behringer que tenho na igreja hoje: a adição de efeitos e de um equalizador na própria mesa de som foi algo fenomenal, simplificando e ajudando em muito a montagem de eventos. Pois é: essa CFX 20 tem a mesma qualidade de som da 1604VLZ, mas também possui equalizador e efeito. Na verdade, foi esse modelo da Mackie que a Behringer usou como base para as SL2442FX-Pro e SL3242FX-Pro.

Bem, a CFX-20 é uma mesa de 16 canais mono com os excepcionais prés XDR utilizados nas mesas da empresa. A qualidade de som é excelente, assim como a equalização de 3 vias com semi-paramétrico de médios (permite a escolha da frequência de atuação). Há ainda dois canais estéreos (2 canais x 2 entradas + 16 canais mono = 20, CFX20). Os canais estéreo tem equalização de 4 faixas: agudos, médio-agudos, médio-graves e graves, não possuindo nenhum semi-paramétrico.

Todos os canais mono contam com entradas XLR (com conector Neutrik), entradas P10 (Bal/Unbal) e conector Insert. Logo abaixo, o botão de ganho e a luz de sinal. Os canais estéreo (P10 Bal/Unbal) não dispõem nem de luz de sinal nem de Insert.

A luz de sinal funciona de maneira diferente das luzes encontradas nas Ciclotron CSM e Mackie 1604VLZ Pro, mas de maneira idêntica à Behringer SL2442FX-Pro. A luz amarela só acende quando o sinal do canal alcança o nível de 0dB. O ajuste é simples, e é feito da seguinte forma: coloca-se o fader na posição 0dB, então se vai aumentando o ganho até a luz começar a acender. Diminui-se um pouco e pronto, está regulado. Nessa condição, o sinal está na melhor relação sinal/ruído possível. Em condições normais, a luz acenderá somente nos picos musicais. A vantagem dessa forma de trabalhar é que, ajustado todo um conjunto de microfones para vários cantores, por exemplo, dá para saber exatamente quem está sobressaindo (a luz acende mais vezes e com mais intensidade). Não vou dizer que é melhor nem pior que o sistema utilizado na  1604VLZ, é apenas diferente. Ambos tem vantagens e desvantagens.

Não confunda a luz de 0dB com luz de pico: quando o 0dB acende, o sinal ainda está longe de clipar, graças ao altíssimo headroom dos prés XDR. Aliás, nem luz de pico a mesa tem, e sinceramente não faz falta: é dificílimo o sinal ficar alto a ponto de clipar!

Logo abaixo do ganho vem 04 auxiliares. Os dois de cima podem ser Pré ou Pós-Fader, dependendo de uma chave de seleção. Logo abaixo existe um Auxiliar Pós para efeitos externos, e o último Auxiliar Pós é exclusivo do efeito interno, que não pode ser desabilitado para uso de efeito externo.

Abaixo dos auxiliares, temos a equalização, que já comentamos. Trabalhar em uma Mackie é simplesmente fantástico: a equalização é muito precisa, e qualquer mudança nos potenciômetros fazem uma boa diferença no som. É ótimo trabalhar com um equipamento que realmente responde aos comandos. E finalmente os faders de 60mm, precisos, muito bons de trabalhar.

Mas não pense que esta mesa é a melhor do mundo! A CFX-20 e a 1604VLZ Pro tem preços muito parecidos. A diferença é de “apenas” 50,00 dólares a mais na CFX, mas em compensação você leva efeito e equalizador. Ora, com o lançamento da CFX a Mackie passou a ter  mesas que concorrem diretamente uma com a outra. Acredito eu que, para que as vendas da VLZ Pro não fossem prejudicadas, a empresa deixou intencionamelmente de colocar alguns “recursos” que, ao meu ver, fazem uma falta danada!

O primeiro e enorme problema: ela não tem luz indicativa de Mute. O botão do Mute até tem duas cores, uma mais em cima e outra embaixo. Quando o Mute está acionado, somente uma das cores é visível. Mas luz é luz, muito melhor que qualquer outro sistema de aviso. Então, já aconteceu comigo várias vezes de, após a mensagem (quando ficamos um pouco menos atenciosos), de simplesmente “esquecer” de tirar o mute do canal. Aí já estraguei solo, já comi o início de músicas, etc.

Segundo problema. A mesa tem quatro submasters. Existe o endereçamento dos subs direitinho, mas onde está o endereçamento direto para o Master principal? Simplesmente não existe. Daí, perde-se toda vez um dos subs, pois obrigatoriamente os sinais tem que passar por algum deles.

Erro de projeto? Não, pois a VLZ-Pro tem tudo isso e teve fabricação anterior à série CFX. Foi puramente questão mercadológica, onde a empresa não quis que um modelo fizesse concorrência à outra. Só que se ferraram: quem aproveitou foi a Behringer. Daqui a pouco vamos comentar sobre isso.

Do lado direito da mesa, ficam os controles de subs, o fader Master e os led´s. O equalizador de 9 vias é impressionante. Qualquer mínima mexida altera o som em muito. Tenho que ter sempre o cuidado de verificar se está tudo no meio exato antes de começar a trabalhar com ela. O som da mesa é tão bom que que muitas vezes fiz eventos com todos os canais fletados, só acertando alguma deficiência sonora das caixas no equalizador.

O efeito é show! A Behringer tem dois efeitos, com 99 presets, mas não há parâmetros a mexer. Acaba que pouca coisa é realmente aproveitável. Já na Mackie temos um verdadeiro módulo de efeitos, com possibilidade de alteração dos parâmetros, como tempo de reverb ou delay, etc. É o módulo é de 32 bits, muito melhor que o da Behringer (24 bits).

Ainda há uma saída para subwoofer, com corte fixo em 75Hz. A saída só funciona se for conectado a ela um cabo. Também perdido próximo aos leds há um botão chamado “Break All”, que muta todos os canais de uma só vez. Aliás, esse botão deixou um amigo meu em péssimos lençóis. Após testarmos tudo, fomos nós para casa se arrumar para o casamento. Ele era o responsável pelo evento, e alguém apertou esse botão inadivertidamente. Coitado, 5 minutos antes do culto iniciar e nada funcionava. E era só um botão… se ele tivesse me telefonado para perguntar…

Se a mesa é boa? Eu amo trabalhar com ela. A qualidade de som é nitidademente superior à Behringer. Os problemas existentes são contornáveis, e ela é muito boa de trabalhar. Só precisa ter muita atenção com o botão de Mute… Mas não tenho como negar que a Behringer fez um excelente trabalho nas SL2442FX-Pro e SL3242FX-Pro.

Como já comentado no artigo da Behringer, esta “roubo” um dos projetistas-chefes da Mackie, e desenvolveu as mesas SL exatamente com base na CFX. Só que resolveram dar uma “melhorada” nos recursos e resolver os problemas existentes. Veja só a comparação entre as mesas:

Mackie CFX-20

Behringer SL2442FX-Pro

tem 16 canais mono + 2 estéreos tem 16 canais mono + 4 estéreos
não tem luz de mute tem luz de mute
não tem luz de Peak tem luz de Peak
o botão Break All é desprotegido o botão Break All é protegido contra acionamento indevido do botão
tem 01 módulo de efeito totalmente configurável tem 02 efeitos não configuráveis. Mas o efeito também pode ser compressor, expander, gate, tons para teste, etc. Tudo não configurável.
os canais estéreo não tem luz de sinal há luz de sinal em 2 dos 4 canais estéreos
a saída de subwoofer tem corte fixo de 75Hz a saída de subwoofer pode ser configurada até 200Hz
equalizador de 9 faixas equalizador de 9 faixas com “FQB System” (detector de microfonias)
efeito interno não pode ser desativado efeitos internos podem ser substituídos por outros externos.
Qualidade de som e equalização excelentes Qualidade de som e equalização boas, pouco melhor que Ciclotron CSM / Staner UX
Resistente. Suas mesas duram década. Aguenta estrada! A empresa prometeu resistência nessa série, mas como é nova não deu para comprovar.
Preço no Brasil: R$ 3.500,00 Preço no Brasil: R$ 2.500,00 (mas é facilmente encontrada via “muamba”, por 1.700,00 reais ou até menos).

As conclusões de qual mesa é melhor vou deixar para cada um tirar. Ambas são excelentes escolhas, com vantagens e desvantagens. Mas qualquer sonoplasta, com qualquer uma dessas mesas, vai estar muito bem servido!

Por último, é necessário informar que a CFX-20 tem duas irmãs menores, a CFX-12 (8 canais mono) e a CFX-16 (12 canais mono). Tirando a quantidade de canais, as características, recursos (e problemas) são exatamente as mesmas.

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