Pessoal...
Sem querer complicar muito, mas complicando, algumas considerações teóricas são necessárias. Deixe-me começar respondendo a um questionamento do isinho:
isinho disse:
Porém, se seguirmos essa "metodologia" para os falantes, entenderemos que a frequência de ressonância é aquela onde há o maior volume não???
Sim. Isto pode ser entendido por meio da equação da potência em função da resistência e corrente. Veja:
P = R*I^2
Imagine duas situações: substitua a resistência pela impedância e mantenha a corrente constante. O que acontece com a potência quando a impedância varia? Ela tb varia e na mesma proporção da impedância. Sendo assim, no caso da impedância de um alto-falante na freqüência de ressonância, que é onde há o maior valor de impedância, tb haverá um pico de potência. Lembre-se, apenas, que esta é uma situação ideal.
isinho disse:
Mas ao contrário disso, a frequência de ressonância em auto-falantes é a última frequência a qual o falante reproduzirá - subentendendo-se que será em um volume bem abaixo do seu máximo potêncial...
Na verdade, o corte é feito um pouco acima da freqüência de ressonância, exatamente para que se evite o pico de energia. Observe na figura postada pelo Bersan no artigo, que logo após a FR há uma queda brusca na impedância e, conseqüentemente, na potência.
Mas porque a impedância varia com a freqüência? A impedância é formada por duas componentes básicas: a parte resistiva e a parte reativa. A parte resistiva é aquela que vc consegue medir no multímetro; a parte reativa não. Vejamos:
A fórmula simplificada da impedância é:
Z = R + Xl - Xc, onde Z é a impedância, R é a resistência, Xl é a reatância indutiva e Xc é a reatância capacitiva.
Detalhando ainda mais, observe que Xl = 2*pi*f*L, onde pi é igual a 3,1416, f é a freqüência e L é o valor da indutância. Note que quanto maior é a freqüência, maior será a reatância indutiva. Esta é a razão pela qual um indutor funciona como um filtro passa-baixa.
De forma inversa, um capacitor funciona como um filtro passa-alta. A fórmula de Xc é igual a 1/(2*pi*f*C), onde C é a capacitância. Veja que f é inversamente proporcional a Xc: quanto maior for f, menor será Xc. Sendo assim, à medida que a freqüência aumenta, a reatância diminui.
A freqüência de ressonância é um caso particular da impedância, quando os módulos de Xc e Xl são iguais, que neste caso, por terem sinais opostos, se anulam, restando apenas a componente resistiva.
Alto-falantes são dispositivos muito complexos e que envolvem três ramos distintos da Física: Eletricidade, Mecânica e Acústica. Não se pode analisá-los apenas sob um ponto de vista pq os três ramos interagem o tempo todo. Por exemplo: as componentes mecânicas interferem com as elétricas. O movimento do cone, causado pela inércia, induz outras correntes elétricas na bobina do falante, gerando certos cancelamentos.
Bom... estas são algumas das razões que não me levam a sequer imaginar projetar caixas acústicas. Prefiro usufruir da sabedoria de pessoas como o Prof. Homero Sette Silva, Walter Ullmann, Carlos Correa e cia.
Ufa... acho que falei demais. Por hoje chega... rssss...
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