Olá a todos,
Olá Sandrunes, seja bem vindo ao SomAoVivo.
Numa caixa de 03 vias, onde o woffer tem 350 Wrms, o drive 100 Wrms e o tweeter 100 wrms, com divisores passivos 12db/oitava (todos os componentes em 8 ohms), quantos Watts RMS possui a caixa?
A caixa terá 350 Wrms, definido pela via mais potente, ou 550 Wrms de potência definidos pela soma dos três (woofer, drive, tweeter)?
Excelente pergunta, aliás nunca feita por aqui no SomAoVivo.
Em casos de caixas passivas, o teste para definir a sua potência é semelhante ao teste feito em amplificadores. Joga-se na caixa ruído rosa filtrado* (fator de crista de 6dB), e leva-se a mesma até o limite onde não há danos ao equipamento. Feito isto, temos a potência RMS da caixa. Tem só um pequeno detalhe... o fabricante tem que ter a coragem de torrar alguns falantes até descobrir o limite correto.
Nota: no teste de amplificadores, o mesmo é feito com ruído rosa "normal", com fator de crista (diferença entre o maior e o menor volume de apenas 3dB). No teste de caixas, é feito com ruído rosa com fator de crista de 6dB, ou seja, uma variação de 6dB entre o menor e o maior volumes alcançados pelo som. Isto porque, por definição, a norma de alto-falantes indica que eles tem que suportar até 4x (6dB) a sua própria potência nominal.
Mas isto é feito em fábrica, não dá para fazer em casa (bem, se alguém quiser queimar falantes...). O mais comum em quem monta caixas (ou fabricantes que "evitam" fazer o teste correto) é literalmente somar as potência dos alto-falantes.
Só que... método não é lá muito correto. Por que? Porque alguém pode fazer o seguinte:
1) woofer de 50W e tweeter de 100W
2) woofer de 300W e driver de 30W
Obviamente, as pessoas fizeram "misturas" mal-feitas, e dizer que a caixas suportam, respectivamente, 150W e 330W, não é algo que na prática vai ser confirmado.
O assunto é árido na literatura. O livro do Vance Dickason, "Alto Falantes e Caixas Acústicas", considerado como a bíblia do assunto, simplesmente não fala nada disto. E realmente nem precisa, porque em sistemas profissionais (a quem o livro se destina), com várias vias de amplificação, os falantes trabalham individualmente, e realmente suas potências são tomadas individualmente, ou seja, a potência total é a soma de cada via.
De qualquer forma, isto podemos dizer com certeza: o valor não é nem a soma de todos os falantes (porque uma música não tem sua energia dividida igualmente entre graves, médios e agudos; os graves geralmente correspondem a 2/3 da "energia" de uma música), como não é somente a potência da via potente. É um valor intermediário.
Entretanto, para fins de cálculo de amplificador, a melhor coisa mesmo é somar todas as potências e pronto! Porque? Porque quanto mais potência de amp, melhor. É muito melhor sobrar potência que faltar.
Heriberto escreveu:
[/quote]Então pelo que entendo a caixa na realidade tem 350Watts, e não a soma. Teriamos a potencia somada caso fosse um divisor ativo com 3 amplificadores. [/quote]
Sim, em sistemas ativos (com crossover ativo, multivias e multiamplificação), é assim mesmo.
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o ideal eh ter amp com pelo menos o dobro de potencia do falante!
Certíssimo...
o recomendado não é da nominal até o dobro NO MÁXIMO? (...) alto-falantes de marcas boas são feitos pra aguentar o dobro da potencia.
Não, errado. Alto-falantes que seguem a norma NBR 10.303 são feitos para aguentar picos de até 4x a sua potência nominal em RMS. Por outro lado, amplificadores são feitos para aguentar picos de até 2x a sua potência nominal. Exemplo:
Falante de 100W - aguenta picos de 400W
Amp de 100W - aguenta picos de 200W
Para termos limites iguais, o IDEAL é termos então um amp com o dobro da potência. No nosso exemplo:
Falante de 100W - picos de 400W
Amp de 200W - picos de 400W
Nestas condições, temos picos iguais, e rendimento dos falantes = máximo.
Tudo explicado na série de artigos "Potência, uma coisa mais que complicada".
Ah, só para constar, não é problema termos amps mais potentes ainda (300, 400W), não vai queimar os falantes (mas vai custar caro ao bolso). A maior causa de queima de falantes é clipamento (distorção) por falta de potência. Na ânsia de ter mais volume, leva-se o amplificador ao máximo, até o CLIP, e daí para a frente ele passa a distorcer e isto sim torra a bobina do falante.
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Metal escreveu:
Mas sempre imaginei que a potencia informada pelo fabricante era a total sem considerar a perda aproximada dos 40%
Não!!!! Você está confundindo
consumo elétrico com a "potência contínua" (RMS)fornecida pelo equipamento aos falantes. São duas coisas distintas e que os fabricantes também explicam separadamente.
Exemplo:
Amplificador com consumo de 1.000Watts
- classe AB - rendimento médio de 66% - ele terá uma potência contínua, que poderá fornecer aos alto-falantes, na faixa dos 660W.
- Classe H - rendimento médio de 85% - terá uma potência na faixa de 850W
- novos classe D (que não é digital, mas sim fontes chaveadas) - rendimento médio de 90% - potência na faixa dos 900W
Evidente que poderá variar de fabricante para fabricante.
Note também o seguinte: NUNCA a potência contínua será maior que o consumo elétrico, pois a eficiência nunca será de 100%. Mas sim, a potência de pico poderá ser maior que o consumo, já que os amps tem um banco de capacitores que funcionam como baterias, fornecendo uma "sobra" de energia para alimentar estes picos.
Também tudo explicado na série de artigos citada acima.
Metal escreveu:
Ciclotron DBL6000 Consumo: 4Ohms 1490W, 08Ohms 830W : Potencia total 04Ohms 1500W, 08Ohms 900W. Neste caso, de acordo com a sua explicação, não foge do que eu falei no 1º post. Ou estou enganado novamente?
Esqueça esses DBL. Depois que a Ciclotron inventou a potência "True RMS", não dá mais para confiar nela. Leia o manual de um DBK, quando eles ainda não enganavam os consumidores, lá você encontrará valores mais próximos da realidade. Aliás, também tem isto nos artigos.
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Edlopessilva:
Quanto a potência total da caixa de 3 vias, acredito que ela se dará pela potência do divisor de frequências passivo.
Na verdade, no teste com ruído rosa, o divisor de frequências também entra na conta. E sim, alguns falantes e alguns divisores são queimados até se encontrar o valor máximo seguro possível.
Eu já fiz manutenção em caixa (dos outros, é claro!!) com falante 15PW3, que se não me engano, é de 250Wrms, só que o divisor era um de 200Wrms.
Por isto que há FABRICANTES e fabricantes. O teste com ruído rosa, em câmara anecóica (vi alguns casos em que, por falta de câmara anecóica, o fabricante faz ao ar livre, com a caixa suspensa a mais de 10m do chão, de forma a "imitar" o comportamento em câmara anecóica) leva em consideração todos os componentes. Já os fabricantes que vão formando um Frankstein (uma peça daqui, outra dali)... bem, deixa para lá.
Obviamente, a potência da caixa é limitada pelo componente de menor potência. Se você tem 400W de falantes e só 200W no divisor, advinha quem vai torrar primeiro!!!!
Um abraço, estão todos de parabéns pelo post. E a cada vez que discuto sobre isto, fico mais fascinado com caixas de bons fabricantes, que fazem um bom projeto.
Um abraço,
Fernando