Olá,
o Efeito Haas ou Efeito de Precedência tem seus fundamentos na Psicoacústica e na característica do ouvido humano de perceber sons diferentes com atraso de até 20ms (milissegundos, 0,020s) como sendo um único som.
Acima disso, o ouvido começa a perceber dois sons distintos. Quanto mais alta a diferença de tempo, mais o ouvido percebe os sons como sendo distintos.
Essa teoria é extremamente importante em áudio. Muitas vezes, por uma série de motivos, precisamos colocar caixas acústicas afastadas uma das outras, ao longo do comprimento de um local. Em muitos casos, a implementação de um sistema de delay é necessário.
Mas antes de continuar, vamos ver uma coisa:
Se em 1segundo (1000ms) uma onda sonora percorre aproximadamente 344metros, então em 20ms, a onda sonora percorrerá aproximadamente 7metros.
Vamos imaginar uma igreja com X metros de comprimento, com um par de caixa na frente (distância =0) e um par de caixas situados a até 7metros do primeiro par. Um ouvinte situado no fundo da igreja perceberá um único som, já que a diferença de tempo entre uma fonte sonora e outra é de 20ms.
A partir de 7 metros de distância, este ouvinte começa a perceber dois sons. Quanto mais distante as caixas, mais facilmente será notada a diferença entre os sons. Neste momento, haverá a necessidade de implementar o delay.
Caso não fazermos isto, estaremos separando a imagem sonora da imagem visual. Veremos a pessoa no palco, mas o som vindo de outro local.
Em campo aberto, implementar delay é muito importante, faz muita diferença. Em locais fechados, a necessidade é menor, pois a reverberação já dá a impressão do som continuado.
Implementar delay é importante para a acústica. Imagine um local com acústica muito ruim. Sem delay, reverbera não uma, mas várias ondas sonoras, equivalentes ao número de caixas. Com o delay acertado e bem configurado entre as várias caixas acústicas, a reverberação diminui, pois agora há um única onda sonora para reverberar.
O melhor exemplo que já vi de torres de delay foi feito no show dos Rolling Stones em Copacabana, onde havia caixas acústicas espalhadas de 100 em 100metros, por um quilômetro de praia. Todas elas foram reguladas de forma que, em qualquer posição, a pessoa sempre percebe-se o som vindo do palco.
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Centralizar as bobinas dos falantes é algo importante e todo projetista de caixas decentes sabe e faz isto. Um ressalto na madeira, uma corneta com comprimento diferente, e está resolvido.
Por outro lado, é possível sim ajustar isto eletronicamente. É possível inserir uma série de filtros que atrasam o sinal. Isso pode ser feito de forma passiva (alguns divisores passivos fazem isto, geralmente são MUITO caros) ou ativa, através de gerenciadores de caixas acústicas, tipo Behringer DCX, dbx, XTA, Dolby, etc.
Agora, a pergunta. Faz diferença nessas caixas meia-boca que existem por aí? Muito pouco, geralmente os outros componentes fazem muito mais diferença. Por outro lado, caixas de primeira linha levam isto em consideração sim. Em sistemas multivias e/ou line-arrays, o processamento eletrônico das vias faz o alinhamento.
Um abraço,
Fernando