Cancelamentos.

MarceloCavic

Active Member
Olá a todos,

Estive pensando em propor um teste prático para o meu pastor e alguns irmãos que ainda insistem em mudar a posição das caixas lá da igreja que estão em Fly. Gostaria que estivessem em Custler Fly, mas a estética não permitiu.

A minha idéia é a seguinte: Penso em colocar duas caixas iguais uma de frente para a outra, as duas em flat, emitir umas frequências que baixei da seção de Downloads, será que elas vão se cancelar de forma que eu consiga convencê-los o motivo da posição atual das caixas?

Se precisar inverter fases eu inverto, tenho um editor de audio que faz isto, o que acham? Já que falar não adianta e o "Técnicamente Falando" também não,

Acho que preciso fazer um curso de Persuação :lol: rsrsrs! Por favor me ajudem...

Abraço,

Marcelo
 
Marcelão,

o ideal, que infelizmente não existe, é que existisse um único alto-falante (ou caixa acústica), potência de 100.000 Watts, resposta de 20Hz a 20KHz totalmente plana e dispersão sonora selecionável de 1º a até 360º.

Se isto existisse, poderíamos ter uma única fonte sonora, e os cancelamentos não existiriam. Mas como isto não existe, precisamos espalhar várias caixas de som no ambiente, seja para atender ao requisito de potência ou de dispersão sonora. Mas, quando fazemos isto, corremos o risco de aparecer os cancelamentos.

A melhor instalação de caixas que podemos fazer é no esquema de cluster, onde as caixas são instaladas juntas, e ocorre o chamado "acoplamento sonoro": os falantes trabalham como se fossem um só. Veja as fotos abaixo de um cluster de caixas:

Fly_central1.jpg


fly_central3.jpg


Line-arrays seguem o mesmo princípio, só que mais elaborado.

Reparem: desta forma, a potência das três caixas é somada (se cada uma tem 100W, então o cluster tem 300W), e a dispersão sonora também é somada (no caso, este cluster deve ter dispersão total de quase 180°). Mas a outra grande vantagem é que, por causa do acoplamento sonoro, não há cancelamentos.

Mas, por diversas questões (praticidade, estética e principalmente puro desconhecimento), a maioria das vezes encontramos caixas uma de um lado, outra do outro lado da nave da igreja. Neste caso, com certeza teremos cancelamentos.

Em Física, Mecânica, 1º ano do ensino médio, o professor nos ensina a calcular (usando Trigonometria) as resultantes de várias forças. Como abaixo,

2leidenewton-6.jpg


podemos ver que, dependendo da posição das forças, a Força Resultante pode ser construtiva (quando é maior que qualquer uma das forças que a compõem) ou destrutiva (quando é menor que qualquer uma das forças que a compõem).

Agora, faça o seguinte: no lugar desse monte de seta que representa as forças, coloque uma onda sonora... é exatamente o mesmo princípio! Veja:

cancel180.gif


Indo logo ao exemplo extremo, na figura acima temos duas ondas (azul e vermelha), uma em contrafase com a outra. O resultado é que as ondas se anulam. Repare:

- se colocarmos duas caixas de som em sentido opostos (uma exatamente de frente para a outra), teremos este resultado: quando os sons se encontrarem, vão se anular.

- se colocarmos duas caixas, uma ao lado, mas uma com cabos invertidos em relação a outra (em contrafase), os sons também se anularão.

Mas quem já teve a oportunidade de fazer isto já deve ter notado que os sons não se anulam completamente, há ainda algum som. Isto acontece por causa das características das ondas sonoras de diversas frequências: os sons graves são ominidirecionais (se espalham no ambiente) e por causa disto sofrem muito com os cancelamentos, já os sons médios e agudos, por serem muito mais direcionais, são pouco afetados (mas são afetados!).

Tal teoria trás inúmeras consequências práticas.

1) Se você tem cabos de duas caixas instaladas próximas (na mesma linha) e não sabe quem é positivo e quem é negativo, use um som bem grave para testar. Teste algumas variações nos cabos, e verifique a posição onde os graves aparecem mais. Esta é a posição correta, as caixas estarão em fase.

2) Nunca instale caixas uma de frente para a outra. Vi isto em duas igrejas. Em uma, havia caixas da frente para o fundo e outras do fundo para a frente, e em outra as caixas ficavam nas laterais, perpendiculares, umas à esquerda e outras à direita.

Mas alguém vai falar o seguinte: na minha igreja é assim e funciona. O que acontece é que, dada a distância de uma caixa em outra, os cancelamentos são pouco sentidos. Alguém que esteja todo sentado todo à direita (ou todo à frente), por exemplo, houve 90% do som da caixa da direita (ou da frente) e apenas 10% da caixa da esquerda (ou de trás - nota: valores hipotéticos, apenas para exemplificar). Nesta condição, os cancelamentos são muito poucos sentidos e o som parece perfeito.

Mas a medida que a pessoa se senta mais para o meio (tanto em relação da direita para esquerda ou da frente para o fundo), a relação de volume muda, 80%/20%, 70%/30%, 60%/40%, e cada vez mais o som vai piorando. Até que no meio exato, 50%/50% do som de cada caixa, o cancelamento é máximo. Ainda se houve som por causa das reflexões da acústica do ambiente, mas qualidade que é bom já foi toda embora.

Mas Deus é misericordioso! No meio dos templos existem principalmente corredores, onde ninguém senta! Se não fosse assim, teríamos um grupo de pessoas elogiando o som (quem sentou próximo de uma das caixas) e outro grupo reclamando do som (quem sentou equidistânte - mesma distância - das caixas). Conhecem alguma igreja assim?

3) Igreja com músicos com retorno em palco e caixas do PA um pouco à frente do palco (uma de cada lado) podem sofrer com problemas nos graves. Como os graves são ominidirecionais, uma parte dos graves das caixas do PA viram para trás e se anulam com os graves que saem dos retornos dos músicos. Se um dia virem reclamações de falta de "peso" (graves) por parte de bateristas, baixistas, tecladistas e até de cantores masculinos, isto é causado por cancelamentos. Uma solução simples e eficaz é inverter a fase dos retornos (positivo vira negativo e vice-versa).

Mas e quando temos caixas de um lado e outro, mas anguladas para trás? Neste caso, os cancelamentos também existirão, assim como reforços em algumas frequências, tudo dependerá do ângulo em que as ondas sonoras se encontrarão. Para quem gosta de trigonometria:

fasedestrut.gif


Na área vermelha, os encontros das ondas sonoras geram destruição das ondas. Na área branca, temos até mesmo reforço sonoro. Mas concordo, tem que ser engenheiro para fazer todos os cálculos.

Na prática, cancelamentos sempre vão exisitir, a não ser que trabalhemos com cluster. O que precisamos fazer é o teste auditivo. Testar várias posições e angulações de caixas e literalmente sentar em todos os lugares disponíveis na largura da igreja. O melhor posicionamento para as caixas é aquele onde as diferenças de som sejam imperceptíveis na largura.

O Anfiteatro onde cuido do som é muito largo, são 100 metros. Há caixas de 20 em 20 metros. No exato intervalo de distância entre as caixas, o som é realmente sem "definição", embolado. Foi um pouco complicado explicar e demonstrar, mas são estes os locais dos atuais corredores.

Bem, ao final deste "artigo" escrito de forma rápida (sem revisão e pesquisa alguma, então perdoem alguma imprecisão), alguém pode ficar com a seguinte dúvida: o Fernando falou o tempo todo de caixas situadas à esquerda e direita, mas sempre na mesma altura (no mesmo comprimento) da nave. Mas e quando temos caixas todas viradas para trás, mas em comprimentos da nave diferentes? Uma igreja muito comprida terá problemas de cancelamentos se tiver dois caixas na frente e no meio, mesmo se forem clusters?

A resposta é sim! As ondas também se cancelarão ou reforçarão quando se encontrarem, apesar do problema ser muito menor (o ângulo de encontro estará principalmente dentro da área de reforço, mas mesmo assim haverá problemas). Veja figura abaixo:

fase90.gif


As linhas vermelhas e azuis indicam ondas que chegam em tempos diferentes aos ouvidos da pessoa. Como se a linha vermelha fosse o som da caixa da frente e a linha azul da caixa do meio (em relação a um ouvinte do meio para trás). Haverá reforços e cancelamentos. O ideal, neste caso, é trabalharmos com sistemas de delay, o que fará com que ambos os sons chegem ao mesmo tempo, mas isto é outro artigo.

E outra pergunta que pode surgir: e aquele som que bate na parede do fundo da igreja e retorna, também provoca cancelamentos. Sim, muitos. Funciona como se fosse uma caixa de som virada de frente para a outra. Por isto que a área do fundo das igrejas costuma ser o local com os piores índices de inteligibilidade da igreja (onde pouco se entende). A solução é investir em tratamento acústico. Outro artigo.

Um abraço,

Fernando
 
Puxa Fernando, depois de toda essa aula acho que descobri um grave problema:

Noto uma deficiência no som quando ultrapasso metade da igreja, não se você lembra quando perguntei a respeito daquela queda em dB que todo sistema tem? Que em caixas normais é 6dB pelo dobro da distância e em Lines é de 3dB? Então essa queda é gradativa, porém eu percebo uma forte queda a partir de um determinado ponto do salão

Bom, da metade pra trás pode ser que esteja ocorrendo cancelamentos, dado ao ângulo dos drives e falantes, veja:

09-08-08_2147.jpg


Se eu pudesse juntaria as duas em cluster, mas voltando à simulação de cancelamentos, eu só queria demonstrar porque tem um pessoal que insiste colocar essas caixas de trás pra frente.

Valeu pela resposta!

Abraço,

Marcelo
 
bersan disse:
Marcelão,

o ideal, que infelizmente não existe, é que existisse um único alto-falante (ou caixa acústica), potência de 100.000 Watts, resposta de 20Hz a 20KHz totalmente plana e dispersão sonora selecionável de 1º a até 360º.

Se isto existisse, poderíamos ter uma única fonte sonora, e os cancelamentos não existiriam. Mas como isto não existe, precisamos espalhar várias caixas de som no ambiente, seja para atender ao requisito de potência ou de dispersão sonora. Mas, quando fazemos isto, corremos o risco de aparecer os cancelamentos.

A melhor instalação de caixas que podemos fazer é no esquema de cluster, onde as caixas são instaladas juntas, e ocorre o chamado "acoplamento sonoro": os falantes trabalham como se fossem um só. Veja as fotos abaixo de um cluster de caixas:

Fly_central1.jpg


fly_central3.jpg


Line-arrays seguem o mesmo princípio, só que mais elaborado.

Reparem: desta forma, a potência das três caixas é somada (se cada uma tem 100W, então o cluster tem 300W), e a dispersão sonora também é somada (no caso, este cluster deve ter dispersão total de quase 180°). Mas a outra grande vantagem é que, por causa do acoplamento sonoro, não há cancelamentos.

Mas, por diversas questões (praticidade, estética e principalmente puro desconhecimento), a maioria das vezes encontramos caixas uma de um lado, outra do outro lado da nave da igreja. Neste caso, com certeza teremos cancelamentos.

Em Física, Mecânica, 1º ano do ensino médio, o professor nos ensina a calcular (usando Trigonometria) as resultantes de várias forças. Como abaixo,

2leidenewton-6.jpg


podemos ver que, dependendo da posição das forças, a Força Resultante pode ser construtiva (quando é maior que qualquer uma das forças que a compõem) ou destrutiva (quando é menor que qualquer uma das forças que a compõem).

Agora, faça o seguinte: no lugar desse monte de seta que representa as forças, coloque uma onda sonora... é exatamente o mesmo princípio! Veja:

cancel180.gif


Indo logo ao exemplo extremo, na figura acima temos duas ondas (azul e vermelha), uma em contrafase com a outra. O resultado é que as ondas se anulam. Repare:

- se colocarmos duas caixas de som em sentido opostos (uma exatamente de frente para a outra), teremos este resultado: quando os sons se encontrarem, vão se anular.

- se colocarmos duas caixas, uma ao lado, mas uma com cabos invertidos em relação a outra (em contrafase), os sons também se anularão.

Mas quem já teve a oportunidade de fazer isto já deve ter notado que os sons não se anulam completamente, há ainda algum som. Isto acontece por causa das características das ondas sonoras de diversas frequências: os sons graves são ominidirecionais (se espalham no ambiente) e por causa disto sofrem muito com os cancelamentos, já os sons médios e agudos, por serem muito mais direcionais, são pouco afetados (mas são afetados!).

Tal teoria trás inúmeras consequências práticas.

1) Se você tem cabos de duas caixas instaladas próximas (na mesma linha) e não sabe quem é positivo e quem é negativo, use um som bem grave para testar. Teste algumas variações nos cabos, e verifique a posição onde os graves aparecem mais. Esta é a posição correta, as caixas estarão em fase.

2) Nunca instale caixas uma de frente para a outra. Vi isto em duas igrejas. Em uma, havia caixas da frente para o fundo e outras do fundo para a frente, e em outra as caixas ficavam nas laterais, perpendiculares, umas à esquerda e outras à direita.

Mas alguém vai falar o seguinte: na minha igreja é assim e funciona. O que acontece é que, dada a distância de uma caixa em outra, os cancelamentos são pouco sentidos. Alguém que esteja todo sentado todo à direita (ou todo à frente), por exemplo, houve 90% do som da caixa da direita (ou da frente) e apenas 10% da caixa da esquerda (ou de trás - nota: valores hipotéticos, apenas para exemplificar). Nesta condição, os cancelamentos são muito poucos sentidos e o som parece perfeito.

Mas a medida que a pessoa se senta mais para o meio (tanto em relação da direita para esquerda ou da frente para o fundo), a relação de volume muda, 80%/20%, 70%/30%, 60%/40%, e cada vez mais o som vai piorando. Até que no meio exato, 50%/50% do som de cada caixa, o cancelamento é máximo. Ainda se houve som por causa das reflexões da acústica do ambiente, mas qualidade que é bom já foi toda embora.

Mas Deus é misericordioso! No meio dos templos existem principalmente corredores, onde ninguém senta! Se não fosse assim, teríamos um grupo de pessoas elogiando o som (quem sentou próximo de uma das caixas) e outro grupo reclamando do som (quem sentou equidistânte - mesma distância - das caixas). Conhecem alguma igreja assim?

3) Igreja com músicos com retorno em palco e caixas do PA um pouco à frente do palco (uma de cada lado) podem sofrer com problemas nos graves. Como os graves são ominidirecionais, uma parte dos graves das caixas do PA viram para trás e se anulam com os graves que saem dos retornos dos músicos. Se um dia virem reclamações de falta de "peso" (graves) por parte de bateristas, baixistas, tecladistas e até de cantores masculinos, isto é causado por cancelamentos. Uma solução simples e eficaz é inverter a fase dos retornos (positivo vira negativo e vice-versa).

Mas e quando temos caixas de um lado e outro, mas anguladas para trás? Neste caso, os cancelamentos também existirão, assim como reforços em algumas frequências, tudo dependerá do ângulo em que as ondas sonoras se encontrarão. Para quem gosta de trigonometria:

fasedestrut.gif


Na área vermelha, os encontros das ondas sonoras geram destruição das ondas. Na área branca, temos até mesmo reforço sonoro. Mas concordo, tem que ser engenheiro para fazer todos os cálculos.

Na prática, cancelamentos sempre vão exisitir, a não ser que trabalhemos com cluster. O que precisamos fazer é o teste auditivo. Testar várias posições e angulações de caixas e literalmente sentar em todos os lugares disponíveis na largura da igreja. O melhor posicionamento para as caixas é aquele onde as diferenças de som sejam imperceptíveis na largura.

O Anfiteatro onde cuido do som é muito largo, são 100 metros. Há caixas de 20 em 20 metros. No exato intervalo de distância entre as caixas, o som é realmente sem "definição", embolado. Foi um pouco complicado explicar e demonstrar, mas são estes os locais dos atuais corredores.

Bem, ao final deste "artigo" escrito de forma rápida (sem revisão e pesquisa alguma, então perdoem alguma imprecisão), alguém pode ficar com a seguinte dúvida: o Fernando falou o tempo todo de caixas situadas à esquerda e direita, mas sempre na mesma altura (no mesmo comprimento) da nave. Mas e quando temos caixas todas viradas para trás, mas em comprimentos da nave diferentes? Uma igreja muito comprida terá problemas de cancelamentos se tiver dois caixas na frente e no meio, mesmo se forem clusters?

A resposta é sim! As ondas também se cancelarão ou reforçarão quando se encontrarem, apesar do problema ser muito menor (o ângulo de encontro estará principalmente dentro da área de reforço, mas mesmo assim haverá problemas). Veja figura abaixo:

fase90.gif


As linhas vermelhas e azuis indicam ondas que chegam em tempos diferentes aos ouvidos da pessoa. Como se a linha vermelha fosse o som da caixa da frente e a linha azul da caixa do meio (em relação a um ouvinte do meio para trás). Haverá reforços e cancelamentos. O ideal, neste caso, é trabalharmos com sistemas de delay, o que fará com que ambos os sons chegem ao mesmo tempo, mas isto é outro artigo.

E outra pergunta que pode surgir: e aquele som que bate na parede do fundo da igreja e retorna, também provoca cancelamentos. Sim, muitos. Funciona como se fosse uma caixa de som virada de frente para a outra. Por isto que a área do fundo das igrejas costuma ser o local com os piores índices de inteligibilidade da igreja (onde pouco se entende). A solução é investir em tratamento acústico. Outro artigo.

Um abraço,

Fernando
Bom Dia!!!
Puxa que aula do Bersan hem vou até imprimir essa aula e guardar para eventual consulta.Parabens está cada melhor o site e nosso som rsrsrs. Deus abençoe a todos.
 
Marcelo,

Sua igreja tem uma boa altura (comparada com a minha que tem 3,8m) ficaria melhor se você pudesse juntar as caixas. Você já cogitou a idéia de pintar as caixas de branco, creio que isso vai agradar os técnicos e técnicas da estética, as caixas ficariam mais discretas, fale também que o som vai esta em conflito com o que estará se vendo.
 
Rafael,

O material do teto é TNT, um tecido fino perfurado, não é o ideal, mas não conseguimos ainda instalar o forro, então usamos este tecido, uma vez que o telhado é de zinco :( , já viu como ficaria se não tivesse nada. Para o forro estamos pensando realmente em fazer logo uma laje, sai quase o mesmo preço, em torno de R$ 7.000,00, 22mx7m. Isso sem contar a lã de rocha ou outro tipo de material isolante.

Nadson,

Já dei a idéia de pintar de branco, vou reforçar com as fotos do artigo do Fernando afinal existem pessoas que ouvem com os olhos e exergam com os ouvidos, hehe...

Fernando,

Mais uma vez, muito obrigado pela aula, realmente muito inspirada.

Estive conversando com o pastor e acho que vou conseguir montar o custler, vou descer as caixas para manutenção até Fevereiro e daí quando for pendurá-las novamente vou insistir na idéia. Mas antes quero resolver o suposto problema do ângulo das cornetas, acho que são muito abertas e som das caixas se cruzam antes de chegar no fundo do salão causando parte dos cancelamentos, também quero montar a parede absorvedora atrás do púlpito para amenizar o som dos retornos.

Abraço a todos.

Marcelo
 
Marcelo,

eu só queria demonstrar porque tem um pessoal que insiste colocar essas caixas de trás pra frente.

Para quem fala isso, explique que, por uma questão de tornar as coisas mais naturais, o som tem que acompanhar a imagem. Que é por isto que as televisões vem com os alto-falantes acoplados, e não soltos, para que nunca usuário algum tire os alto-falantes para colocá-los atrás do sofá.

Quanto a suas caixas, elas ficaram meio grandinhas, não? Um falante de 12" e uma caixa mais compacta seria melhor (mas iria sacrificar os graves). De qualquer forma, pinte-as de branco ou outra cor qualquer e pendure em cluster, uma ao lado da outra.

Calcular os ângulos de cobertura da corneta não é tarefa simples, mas é possível. Juntando as duas caixas (no chão), observe os ângulos que as cornetas fazem, e a partir daí calcule a cobertura horizontal. A cobertura vertical é mais complicada.

Se não quiser fazer cálculos, é possível sim fazer no "olhômetro". Use a seguinte regra: se você vê o alto-falante (e/ou a corneta), vai ouvi-lo. Se não o vê, também não vai ouvi-lo.

Um abração,

Fernando
 
É realmente acho que não necessitava falantes de 15", mas comprei pensando na expansão da igreja e baseado na minha velha mania do exagero. Mas se fossem de 12" compensaria com um subwoofer caso houvesse necessidade. Afinal graves no alto não soam muito bem.

Para quem fala isso, explique que, por uma questão de tornar as coisas mais naturais, o som tem que acompanhar a imagem. Que é por isto que as televisões vem com os alto-falantes acoplados, e não soltos, para que nunca usuário algum tire os alto-falantes para colocá-los atrás do sofá.

Muito bom e coerente o argumento, vou falar e espero que pela última vez, pois já falei que não mudarei as posições, se alguém se habilitar que se habilite por todo o resto também! Desculpe o desbafo...

Calcular os ângulos de cobertura da corneta não é tarefa simples, mas é possível. Juntando as duas caixas (no chão), observe os ângulos que as cornetas fazem, e a partir daí calcule a cobertura horizontal. A cobertura vertical é mais complicada.

Se não quiser fazer cálculos, é possível sim fazer no "olhômetro". Use a seguinte regra: se você vê o alto-falante (e/ou a corneta), vai ouvi-lo. Se não o vê, também não vai ouvi-lo.

No olhômetro eu já fiz, vou colocá-las no chão e tentar fazer os cálculos, traçar uma linha, sei lá. Vou pensar em algum jeito. Se eu não me engano na Backstage do mês passado saiu alguma coisa à respeito...

Obrigado, Fique com Deus!

Marcelo
 
Boa noite a todos e muita graça aos operadores de som!
Visistar este site tem trazido um conhecimento não mensurável, e este conhecimento tem batido de frente com o estilo antigo de montagem de som nas igrejas. Eu teria muito o que falar sobre isso, mas quero me ater ao caso do cluster fly.
1-Realmente o caso do cancelamento é real e audível, com qualquer freqüência será notado, mas tente usar de médios a graves.
2 - Fazer a caixa de som se confundir com a pintura ou cortinas ajudará muito.
3 - Neste fim de ano consegui montar um tripé muito reforçado, revestido com um tecido da cor da cortina, e a caixa também estava da cor da cortina. O tripé ficou menos visível que o suporte antigo, e a caixa mais alta e apontando para o público diminui o eco e a "quantidade" de som para atingir o fundo da Igreja.
4- Consegui implementar estas mudanças, entre outras, porque tenho feito um trabalho sério, baseado no conhecimento que adquiri aqui no site, porque sou engenheiro mecânico, presbítero e amigo pessoal do pastor. Mas qualquer """"técnico"""" que aparecia era idolatrado pela liderança, e qualquer bobagem que dissesse era lei.

Ainda teria muito o que chorar nos vossos ouvidos, mas por hoje é só.

P.S. Bersan, em março estarei de férias de novo e vou tentar terminar aquela tradução da apostila de equalização!
 
Fernando,,,,Eita garoto,,,,+ q d+,,,,valeu, não preciso dizer que já empremi e com isto vou tambem evitar um problema que querem fazer na igreja,,rsr.srs.rs.rs.
Fernando mais uma pergunta se em vez de duas em cluster central, ele coloca-se tres em cluster central (falantes de 10" + driver'S) o driver central com angulação de 90º ou 100º e as duas laterais de 60º não ficaria melhor?

A PAZ


Heriberto
 
Olá Heriberto,

Você pergunta sobre se na compra de caixas para a montagem do cluster não deveria haver diferenças no ângulo de dispersão horizontal da corneta.

Você está certo. Com cornetas diferentes, podemos fazer as caixas trabalharem jogando o som apenas em um determinado lugar. No caso citado, de 3 caixas, a caixa central com corneta de 90º horizontal atenderia o público imediatamente à frente, enquanto as caixas laterais com corneta de 60º atenderiam apenas ao público nas laterais.

Mas isto exigiria um projeto muito mais elaborado, cálculos, etc. Neste caso, nem haveria necessidade de se instalar as caixas uma "colada" à outra, como na figura. Veja estas fotos:

reuniao1.jpg


cluster_juliomartins02.jpg


Elas mostram uma igreja com um cluster central feito com várias caixas cornetadas (note que existe até mesmo uma corneta nos woofers, o que direciona os graves a apenas uma determinada área). Note que elas não estão coladas, mas apenas próximas entre si.

Este sistema foi projetado por um engenheiro de áudio, e cada caixa é calculada para jogar som apenas para uma única área. Sonoridade ótima, mas não foi nada barato não.

Lembre-se que se nós, meros mortais sem conhecimentos de engenharia, fôssemos fazer compras para montar um cluster, seria muito mais prático e econômico comprar logo várias caixas iguais. E o que aconteceria se tivéssemos comprado três caixas com dispersão horizontal de 90º?

Já notou que a maioria das caixas atuais é no formato trapezoidal? Se nas décadas de 1980/1990 elas eram todas quadradonas, os projetistas começaram a pensar em fazê-las trapezoidais, de forma que a montagem de um cluster com um ângulo de dispersão bastante eficiente fosse algo simples. E com caixas trapezoidais realmente é.

Neste caso, "grudando" as 3 caixas umas às outras, teremos praticamente os falantes colados uns nos outros. O que vai acontecer é que as dispersões sonoras vão se sobrepor em algumas regiões, e não em outras.

Exemplo prático, usando o esquema de três caixas ainda:

- quem sentar totalmente à direita, só escuta a caixa da direita

- à medida que a pessoa vai se aproximando do centro, começa a escutar a caixa da direita e a caixa do centro. Neste caso, a pessoa terá uma variação de volume de +3dB em relação ao ouvinte todo à direita.

- na posição central, só escutará a caixa do centro.

- à medida que vai se dirigindo ao lado esquerdo, começará a escutar a caixa da esquerda. Neste caso, a pessoa sentirá uma variação de volume de +3dB em relação ao ouvinte todo à direita.

- quem sentar totalmente à esquerda só escutará a caixa da esquerda.

Ou seja, na largura do templo, teremos o seguinte:

000000000+3+3+3+3+3+3+3+3+3000+3+3+3+3+3+3+3+3+300000000
================================================

Os traços representam as cadeiras, e os números representam a variação de volume. Sou péssimo em desenhos, foi o melhor que consegui pensar.

Note que a variação de volume será apenas nos médios e nos agudos. Por causa dos graves serem ominidirecionais, eles vão se acoplar perfeitamente e não haverá variação de volume.

Ah, que pena. Então teremos uma indesejada variação de volume, certo? Errado! Primeiro, porque a diferença de +3dB é muito pequena, apesar de percebível. É daquelas que quem entende de som percebe, mas o público nem vai se tocar nisso. Segundo, porque não teremos cancelamentos. Comparando com o esquema tradicional de colocar uma caixa de um lado da igreja e outra caixa de outro, teremos uma maior variação de volume e cancelamentos, no sentido da largura da igreja.

Mas se for possível variar as cornetas das caixas, realmente melhor, teremos angulação perfeita, sem variação de volume. Mas é necessário fazer cálculos...

Não querendo fazer cálculos mas aceitando gastar um pouco mais, então pense neste esquema:

cluster_iebl01.jpg


cluster_iebl02.jpg


Com quatro caixas, só quem estiver muito na ponta é que sentirá diferença. A variação de volume ficaria assim:

000+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3000
================================================

cluster_homerosette.jpg


Já neste desenho, temos um cluster desenvolvido por um conhecido engenheiro (Homero Sette), para um ginásio. Ele segue a idéia do Heriberto: duas cornetas acopladas (coladas) na parte de cima, jogando o som para a platéia mais distante. Outra corneta jogando mais inclinado (a terceira, de cima para baixo, está inclinada, apesar de não dar para ver direito na foto) e uma muito inclinada, para atingir quem estiver praticamente embaixo da caixa.

Mas note que só os drivers de médios e agudos é que foram colocadas assim. Os woofers (graves e sub-graves) não, mostrando que para eles não importa a posição, pois se espalham de maneira uniforme pelo ambiente.

Mas alguém pode ler isto e pensar: se um cluster é tão bom assim, então para que alguém precisa investir em um line-array?

lei_inverso_quadrados7.jpg


As caixas de line são projetadas para terem um acoplamento perfeito, tanto nos graves quanto nos médios e nos agudos. Nesta situação, não teremos sobreposição de falantes, mas sim um conjunto de falantes que realmente vai soar como se fosse um só. Teremos linearidade perfeita.

Voltando ao meu péssimo esquema:

+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3
================================================

Não só na horizontal, mas também na vertical. Ou seja, não só no sentido da largura da igreja, mas também no sentido do comprimento.

Só que isto exige muitos cálculos, pois o acoplamento entre falantes (e entre caixas) depende fortemente de dois fatores: distância entre os falantes e frequência. Os drivers de line-arrays são geralmente especiais, pois para o perfeito acoplamento, é necessário que eles "falem" a frequências baixíssimas, cerca de 700Hz (a frequência exata depende de modelo para modelo, mas dos modelos que conheço todos tem corte entre 700 e 800Hz, que são valores muito baixos para um driver titânio. Um driver "normal" começa a "falar" a partir de 1,6KHz, 1,2KHz, sempre acima de 1KHz). Isso de começo, pois há mais cálculos ainda para a distância que o som atingirá.

Não é à toa que line-arrays são caríssimos. Perfeição tem preço, e custa caro! Eu fico com meus 3dB de variação feliz, feliz.

Um abraço,

Fernando
 
Olá a todos!

Fernando, bela aula, não preciso dizer que já imprimi a parte II do artigo também.
Mas me surgiu uma dúvida veja se eu entendi:

Se eu acoplar as caixa de forma que elas fiquem coladas umas nas outras eu terei a região do centro da igreja com uma sobreposição de som das cornetas, certo?

As cornetas das caixas são de 90H x 60V, neste caso não seria melhor trocar por cornetas de 60H x 40V ou 60H x 30V? Estou preocupado com o som que bateria nas paredes, já que a sobreposição central não causará diferença perceptível. Para usar as de 60H x 30V terei que inclinar as caixas direcionando-as mais para o chão, é isso? Acho que tô fazendo uma cofusão tremenda...

Abraço,

Marcelo
 
Não está não.

Você está pensando como um engenheiro, só isto. É uma coisa boa, muito boa, mas dá um trabalhão... geometria, álgebra, etc e tal.

Vai lhe dar uma canseira, mas vale a pena fazer os cálculos. Com a corneta certa, você direciona o som só para o público, não para as paredes, etc. Mas não adianta nada tirar os médios e agudos da parede se não tirar os graves também. Lembre-se que os maiores problema de reverberação é causado pelos graves.

Você também descobrirá que 60º de angulo vertical é muito, e provavelmente suas caixas estão desperdiçando som ao jogá-lo para o teto e parede. Neste caso, inclinar mais para o chão é uma boa. Mas faça os cálculos.

Um abraço,

Fernando
 
Prometo que vou me esforçar para fazer os cálculos, depois eu posto aqui como ficou.

Mas pelo que disse teria que "cornetar" os woofers também, isso com certeza não vai ser possível...

Tá vendo como a gente aprende, antes eu achava que caixa cornetada estava em desuso por serem antigas, fora de moda, aliás não se encontra para vender, é muito raro, tem que mandar fazer.

A gente tinha duas lá na igreja, falante de 15", antigona, vendemos pra um pessoal de uma banda de rock. Vou tentar calcular, pedir ajuda a uns amigos e aí eu dou notícias.

Obrigado!

Marcelo
 
A PAZ

Fernando não preciso tb falar que foi outra aula maravilhosa. TB imprimirei esta segunda parte.
Marcelão, Eu já não pensava que era antiga, mesmo pq quase tudo vem das decadas de 30/40/50 em audio é igual aquela máxima, nada se perde, tudo se desenvolve(rs.rs.rs.) a minh idéia era que por ser cornetada ela iria atingir muito longe, aumentando muito a sensibilidade das caixas, mas quando o Fernando falou em direção, me lembrei que podem ser construidas tanto + abertas, quanto mais fechadas, realmente aí só engenheiros como voces para desenvolverem esta caixas.
Um grande abraço, e cada dia aproveitando as informações que todos nos passam.

Heriberto
 
Fala rapaziada.

Deixem-me apenas esclarecer um ponto: mesmo as caixas arranjadas em clusters geram cancelamentos. Toda vez que uma caixa interage com outra há cancelamentos. O que acontece num cluster é que se tenta fazer com que os cancelamentos não sejam tão prejudiciais.

Outro aspecto é que num arranjo em cluster, se estamos usando caixas iguais, apenas a cobertura horizontal do sistema é alterada. A cobertura vertical permanece intacta.

Com relação à potência, como o Bersan já falou, ela é multiplicada pelo número de caixas. Já a sensibilidade do cluster é dada pelo valor da sensibilidade de uma caixa acrescido de 3 dB para cada caixa a mais. Por exemplo: se temos 3 caixas com 91 dB cada uma, a sensibilidade total do cluster será 91 dB + 3 dB + 3 dB = 97 dB.

MarceloCavic disse:
As cornetas das caixas são de 90H x 60V, neste caso não seria melhor trocar por cornetas de 60H x 40V ou 60H x 30V? Estou preocupado com o som que bateria nas paredes, já que a sobreposição central não causará diferença perceptível. Para usar as de 60H x 30V terei que inclinar as caixas direcionando-as mais para o chão, é isso? Acho que tô fazendo uma cofusão tremenda...

Opte pela corneta com cobertura vertical de 40º para que vc consiga atingir melhor as últimas fileiras. Com uma corneta com 30º vc terá dificuldades para conseguir isso. Usando uma corneta com ângulo vertical tão estreito, se vc cobrir as filas da frente, descobre as de trás e vice-versa... parece aqueles cobertores curtos... qd vc cobre a cabeça, descobre os pés... rssss...

[]'s
 
Heriberto,

Engenheiros, Fernando e David, eu tô bem longe, sou apenas um aventureiro tentando aprender alguma coisa com os amigos aqui do site.

a minh idéia era que por ser cornetada ela iria atingir muito longe, aumentando muito a sensibilidade das caixas, mas quando o Fernando falou em direção, me lembrei que podem ser construidas tanto + abertas, quanto mais fechadas, realmente aí só engenheiros como voces para desenvolverem esta caixas.

Eu tinha a mesma idéia, achava que era pra jogar o som bem longe...

Opte pela corneta com cobertura vertical de 40º para que vc consiga atingir melhor as últimas fileiras. Com uma corneta com 30º vc terá dificuldades para conseguir isso.

Bom o ângulo vertical já está definido, agora falta o horizontal.

parece aqueles cobertores curtos... qd vc cobre a cabeça, descobre os pés... rssss

rsrsrs... Aqui em Sampa esse tipo de cobertor tem um nome, se chama "Peleja", quem tem um desses passa a noite "pelejando".Hehe.

Um abraço, e obrigado.

Marcelo
 
Back
Topo