Pr. Wagner,
A paz.
Parabéns pela nova igreja. Que Deus os abençoe nesse trabalho, nesse novo tempo. É muito bom ver a igreja lotada de jovens adorando a Deus. Eles podiam estar em outros lugares menos proveitosos, mas escolheram dividendos eternos. Também é muito bom vê-lo feliz e envolvido com o rebanho.
Sobre o que as fotos mostraram, com muito cuidado, amor e respeito, podemos comentar algumas coisas. Veja:
a) O posicionamento do PA, da forma que foi assentado no palco, certamente provocou diferenças importantes de SPL ao longo da sala. Isto é, um SPL muito elevado para os mais próximos do palco, em detrimento dos mais afastados. Vale a pena a igreja investir numa otimização da cobertura sonora no ambiente, quem sabe suspendendo as caixas de médio/agudo e, em função do ângulo de dispersão e das dimensões do ambiente, minimizar a diferença de SPL entre o primeiro e o último ouvinte. Do jeito que foi, certamente uma "paulada" nos da frente.
b) Quatro caixas de grave com falantes de 18 polegadas, pareceu-me uma proposta um tanto quanto inflada. Claro, vai depender da estrutura de ganho, dos amplificadores de potência, da "mão" do operador, etc. Mas, de uma forma geral, tendo a pensar que, na sua situação, um único elemento seria suficiente (e com sobra).
c) Ainda sobre os graves. Esse modelo, até muito utilizado, com as caixas separadas, um grupo do lado esquerdo, e outro grupo do lado direito, é justamente a proposta que mais introduz pontos no ambiente com grande cancelamento de frequências, e outros com soma das frequências em fase. Isto é, na prática, algumas regiões se ouve quase nada (ou nada), e em outras se ouve em exagero. Experimente unir todos as caixas de graves, você deve perceber uma diferença gritante. Por ser ambiente fechado, as ondas estacionárias ainda vão ocorrer, mas a ocorrência de pontos com esses cancelamentos e somas deve ser menor, por ser uma única fonte sonora (nos graves). Não estou nem considerando o ganho pelo acoplamento, mas uma cobertura com menos discrepâncias de SPL. Às vezes, uma pessoa acha que o baixo está muito forte, mas outra pessoa, alguns lugares à esquerda, no mesmo banco, simplesmente acha que não tem baixo; elas podem estar compartilhando as duas facetas do mesmo fenômeno acústico, uma está numa região de soma e a outra numa região de cancelamento. E este fenômeno é intensificado quando trabalhamos com caixas de graves separadas e sem acoplamento.
d) Os cubos dos instrumentos, virados para a frente, e com o músico colado neles, fora do ângulo de dispersão do seu próprio amplificador, isso é o que há de mais inexplicável no mundo do áudio em igrejas. O músico se coloca num ponto muito hostil para a audição do seu equipamento, e ainda manda uma "pancada" de som para a audiência, comprometendo grandemente a mix do PA, uma vez que o técnico de som ouve uma mistura do som sujo do palco, com o som (que deveria ser limpo) do PA, muitas vezes numa proporção inacreditável, com mais som do retorno.
e) A mesa de som, colocada junto à parede, também vai influenciar negativamente a melhor mix do operador, uma vez que ele está fortemente no campo das reflexões primárias dessas paredes. Nessa posição, muito do que ele ouve vem da parede. Também vale a pena a igreja reavaliar esse item. Mas nada de mesa de som numa "cabine" lá atrás, ou colada no fundo, num canto, ou no palco (pelo menos para controlar o PA). Pense sobre isso, ok.
f) Como é isso? Só o batera com fone? E a bateria sem microfones, só no bumbo! Está meio estranho isso aí. Que baterista é esse que não quer se ouvir no retorno? Sei lá, não dá para entender.
g) As imagens dos equipamentos, da banda, do povo levantando as mãos, pelas suas palavras no post, tudo isso nos faz imaginar que esse som estava bem alto mesmo. E o ambiente parece apresentar poucas janelas. Cuidado com a saúde auditiva das ovelhas, lembre-se que som alto tem limite de exposição. Nossas igrejas dificilmente cuidam desse ponto e, além de encaminharem seus fiéis para o ministério com deficientes auditivos, não dão um bom testemunho (nesse quesito) para com a vizinhança e acabam notificados pela prefeitura. Som bom não é, necessariamente, som alto. E se o for, não deve comprometer a saúde das pessoas. Apenas um alerta.
A maioria desses pontos, tenho certeza que o pr. Wagner já sabe. Apenas deixei registrado porque as imagens são muito didáticas para resgatarmos essas questões muito básicas do áudio em igrejas. Coisas simples que podemos fazer, gastando pouco ou quase nada, e com resultados muito proeminentes. Povo que adora, mensagem melhor comunicada, igreja edificada. Mais que som, elementos que ecoam na eternidade.