Tá acontecendo um festival de música evangélica aqui na minha cidade, com eliminatórias ontem (sexta) e hoje (sábado), e final na sexta que vem.
É promovido pela prefeitura ("Princesa do Sertão" é a alcunha da cidade; eu acho que tá mais pra plebéia, mas deixa pra lá...).
Eu estive lá, nessa sexta-feira. Vou relatar aqui o que pude constatar em termos técnicos. Infelizmente não tenho fotos.
•O evento ocorre num teatro. Não há sinais aparentes de tratamento acústico (painéis, tubos, etc.), mas a acústica pareceu não ser ruim. De qq modo, não posso dar um veredicto sobre haver ou não tratamento, uma vez que não tenho conhecimento suficiente p/ matar a charada sem sinais visuais bem óbvios. Pode ser que o teatro tenha sido erguido já pensando na questão e não precise de muitos acréscimos (eu digo pode ser pq há outro teatro aqui na cidade famoso por sua acústica ruim, todo mundo reclama; tem coral que quando vai se apresentar, sem reforço sonoro, pede p/ desligar o sistema de ar condicionado p/ tentar melhorar um pouco o som; então o que deveria ser padrão -- teatros serem construídos pensando-se na acústica ambiente -- acaba sendo uma incógnita por essas bandas).
•Nas paredes, de cada lado, o que vejo? Caixinhas Frahm (eita dinheiro público mal investido...)! Mas minha surpresa foi ainda maior quando vi, no palco, caixas da FZ!
Foi contratada uma empresa de sonorização (até pelos adesivos em vários cases), e fiquei realmente surpreso por ver FZ nessa roça :mrgreen: .
Claro que pensei "eita, beleza!". O que achei realmente estranho é que não eram caixas comuns, mas módulos de line-array, empilhados, 2 de cada lado (pareciam o modelo J08A).
Embaixo delas, 2 caixas, empilhadas (de cada lado, tb) que ñ tenho certeza se eram os subs ou modelos J212A.
As caixas ficavam nas laterais do palco, mais próximas do público.
•De resto, vi pouco. Os retornos dos cantores pareciam ser a facão. A guitarra usava um Jazz Chorus 120, da Roland (parecia bem antigo, com a tela frontal bem amarelada), microfonado. O baixo usava um Gallien-Krueger (ao menos o cabeçote). É tudo que pude ver.
Vamos às impressões.
•Quando cheguei, pareceu que ainda estavam terminando a passagem de som dos instrumentos (o festival consiste de vários vocalistas, mas a banda é fixa), e olha que cheguei um pouco atrasado (infelizmente, e é algo que detesto, mas realmente foi dureza chegar na hora).
Digo isso pq dava p/ ouvir a voz de um cidadão nos retornos (talkback) dizendo coisas como "agora o violão!", "a guitarra!", e por aí. O PA tava mudo.
Fato é que, p/ uma passagem de som típica (que serve p/ ajustes de ganho, e tal), tava muito fraco o negócio: cada um fazia um sonzinho, e só. Talvez não fosse passagem, mas só uma verificação do funcionamento de tudo. Não vou julgar, hehe.
•Quando o negócio começou, a pancada: o volume tava insuportavelmente alto! Caramba! E olha que eu tava sentado no fundo...
E outro problema: percebi um excesso considerável de agudos e médios-agudos. Não é a 1ª vez que tenho essa sensação indo a eventos aqui em minha cidade. Os caras não estudam? Será que não entendem a atenuação dos agudos com a distância e tentam compensar?? Ou será que os ouvidos já estão tão danificados que nem notam??
Isso, aliado ao volume estourado, não ajudou em nada a experiência de ouvir tudo aquilo, sinceramente. Não tava extremamente ruim, mas claramente desequilibrado.
Outro ponto é que em vários momentos a voz do cantor ficava mascarada. Simplesmente não se entendia o que era cantado. Por mais que o volume estivesse no talo. A bem da verdade, em poucas músicas dava p/ se perceber com total clareza o que era cantado. Lamentável, não?
Em outro momento a formação era 1 voz e 2 violões (um deles pela própria vocalista), além da própria banda do evento. O violão da moça pouco era ouvido, enquanto o do rapaz, era como se não estivesse lá -- teve um solo dele que ficou praticamente mudo. Só no finzinho da música apareceu um pouco.
Não sei se foi deficiência na passagem de som ou vacilo do operador, mesmo.
•Houve uma parte em que uma moça foi cantar e foi microfonia pra todo lado, já lá pela metade da música. Não sei o que aconteceu, já que o posicionamento dela tava correto e ela não chegou nem perto de apontar o mic p/ caixas de retorno. Ela era mais baixa que os outros, é verdade, o que pode ter contribuído (diferença de posição em relação aos monitores).
Eu, do alto de minha inexperiência, atribuo ao seguinte: o palco tava bem "sujo" (amp da guitarra, amp do baixo, bateria acústica, e talvez um monitor pro teclado, fora os monitores de voz, por sinal com um posicionamento meio estranho p/ mim -- claro que tanto berreiro num palco não muito grande gera problemas do tipo); os volumes estavam muito altos, então é claro que vazaria algo.
A moça teve que parar 2 vezes; o negócio só andou na 3ª "tomada".
•Agora o fato mais feio da noite.
Depois da 2ª parada da moça citada, os caras do som foram quebrar a cabeça p/ tentar resolver o problema, enquanto o apresentador enrolava, e tal.
Pois bem, tira cabo daqui, conecta algo dali, e eu vejo a triste cena: o professor (creio que também dono) de uma escola de áudio daqui da cidade me aparece, dando umas cacetadas num microfone pra ver se saía som (sim, isso mesmo). Cacilda. @#$%!! :evil: :evil: :evil:
De repente ele tava nervoso, nem pensou na hora, só queria ver o "show" prosseguir. Mesmo assim, de novo: cacilda. Se for o caso, ele precisa se controlar! Se não for... :evil: :evil: :evil: :evil:
De qq forma, a moça veio, fez a última tentativa e conseguiu. Em outras ocasiões a microfonia quis voltar, mas foi controlada.
•Apesar dos problemas, percebi que o sistema fala bem demais! Os subs (quaisquer que fossem) batiam bem, volume não faltou (com certeza)... Se fosse bem operado, seria uma jóia!
E, desse jeito, o evento foi até o final: volume insuportável, excesso de altos e médios-altos, pouca inteligibilidade das vozes... Aliás, até mesmo entre os instrumentos da banda faltava equilíbrio.
Sobre a acústica, de repente o som direto tava tão forte que nem dava p/ ouvir as reflexões... Hehehe.
O que aprendi:
*Eu realmente gosto de fazer som ao vivo. Pena ter poucas chances de exercitar a paixão (fora os cultos na igreja, quero dizer);
*Vi mais um exemplo de que equipamento bom não basta (não vi tudo, mas se tinha FZ no bolo, dá p/ imaginar muita coisa, não?) -- é preciso saber "pilotar" a máquina;
*Acho que, apesar de todas as limitações, tanto minhas quanto das condições em que trabalho, tenho conseguido fazer algo de qualidade, graças a Deus.
Dúvidas:
- Há problemas em usar módulos de line-array do modo mostrado? Imagino que não, já que fora do arranjo típico de LAs eles se comportam como caixas comuns, exceto pelos ângulos de dispersão -- tô certo?
Detalhe: as caixas não estavam suspensas. Estavam sobre o palco, numa área fora do "pedaço" dos músicos.
- Os músicos da banda usavam fones e os amps virados p/ eles. Há propósito nisso (uma vez que já há o retorno)? Não seria melhor limpar o palco, afastando os amps (que seriam microfonados do mesmo jeito)? Tive a impressão de que as microfonias com a moça (e em outros momentos) ocorreram por esse excesso de som no palco. Enfim, esclareçam essa questão, por favor.
É isso. Espero que o relato seja útil, hehe (e que vcs respondam minhas perguntas -- tão querendo moleza, é?? :mrgreen: ).
É promovido pela prefeitura ("Princesa do Sertão" é a alcunha da cidade; eu acho que tá mais pra plebéia, mas deixa pra lá...).
Eu estive lá, nessa sexta-feira. Vou relatar aqui o que pude constatar em termos técnicos. Infelizmente não tenho fotos.
•O evento ocorre num teatro. Não há sinais aparentes de tratamento acústico (painéis, tubos, etc.), mas a acústica pareceu não ser ruim. De qq modo, não posso dar um veredicto sobre haver ou não tratamento, uma vez que não tenho conhecimento suficiente p/ matar a charada sem sinais visuais bem óbvios. Pode ser que o teatro tenha sido erguido já pensando na questão e não precise de muitos acréscimos (eu digo pode ser pq há outro teatro aqui na cidade famoso por sua acústica ruim, todo mundo reclama; tem coral que quando vai se apresentar, sem reforço sonoro, pede p/ desligar o sistema de ar condicionado p/ tentar melhorar um pouco o som; então o que deveria ser padrão -- teatros serem construídos pensando-se na acústica ambiente -- acaba sendo uma incógnita por essas bandas).
•Nas paredes, de cada lado, o que vejo? Caixinhas Frahm (eita dinheiro público mal investido...)! Mas minha surpresa foi ainda maior quando vi, no palco, caixas da FZ!
Foi contratada uma empresa de sonorização (até pelos adesivos em vários cases), e fiquei realmente surpreso por ver FZ nessa roça :mrgreen: .
Claro que pensei "eita, beleza!". O que achei realmente estranho é que não eram caixas comuns, mas módulos de line-array, empilhados, 2 de cada lado (pareciam o modelo J08A).
Embaixo delas, 2 caixas, empilhadas (de cada lado, tb) que ñ tenho certeza se eram os subs ou modelos J212A.
As caixas ficavam nas laterais do palco, mais próximas do público.
•De resto, vi pouco. Os retornos dos cantores pareciam ser a facão. A guitarra usava um Jazz Chorus 120, da Roland (parecia bem antigo, com a tela frontal bem amarelada), microfonado. O baixo usava um Gallien-Krueger (ao menos o cabeçote). É tudo que pude ver.
Vamos às impressões.
•Quando cheguei, pareceu que ainda estavam terminando a passagem de som dos instrumentos (o festival consiste de vários vocalistas, mas a banda é fixa), e olha que cheguei um pouco atrasado (infelizmente, e é algo que detesto, mas realmente foi dureza chegar na hora).
Digo isso pq dava p/ ouvir a voz de um cidadão nos retornos (talkback) dizendo coisas como "agora o violão!", "a guitarra!", e por aí. O PA tava mudo.
Fato é que, p/ uma passagem de som típica (que serve p/ ajustes de ganho, e tal), tava muito fraco o negócio: cada um fazia um sonzinho, e só. Talvez não fosse passagem, mas só uma verificação do funcionamento de tudo. Não vou julgar, hehe.
•Quando o negócio começou, a pancada: o volume tava insuportavelmente alto! Caramba! E olha que eu tava sentado no fundo...
E outro problema: percebi um excesso considerável de agudos e médios-agudos. Não é a 1ª vez que tenho essa sensação indo a eventos aqui em minha cidade. Os caras não estudam? Será que não entendem a atenuação dos agudos com a distância e tentam compensar?? Ou será que os ouvidos já estão tão danificados que nem notam??
Isso, aliado ao volume estourado, não ajudou em nada a experiência de ouvir tudo aquilo, sinceramente. Não tava extremamente ruim, mas claramente desequilibrado.
Outro ponto é que em vários momentos a voz do cantor ficava mascarada. Simplesmente não se entendia o que era cantado. Por mais que o volume estivesse no talo. A bem da verdade, em poucas músicas dava p/ se perceber com total clareza o que era cantado. Lamentável, não?
Em outro momento a formação era 1 voz e 2 violões (um deles pela própria vocalista), além da própria banda do evento. O violão da moça pouco era ouvido, enquanto o do rapaz, era como se não estivesse lá -- teve um solo dele que ficou praticamente mudo. Só no finzinho da música apareceu um pouco.
Não sei se foi deficiência na passagem de som ou vacilo do operador, mesmo.
•Houve uma parte em que uma moça foi cantar e foi microfonia pra todo lado, já lá pela metade da música. Não sei o que aconteceu, já que o posicionamento dela tava correto e ela não chegou nem perto de apontar o mic p/ caixas de retorno. Ela era mais baixa que os outros, é verdade, o que pode ter contribuído (diferença de posição em relação aos monitores).
Eu, do alto de minha inexperiência, atribuo ao seguinte: o palco tava bem "sujo" (amp da guitarra, amp do baixo, bateria acústica, e talvez um monitor pro teclado, fora os monitores de voz, por sinal com um posicionamento meio estranho p/ mim -- claro que tanto berreiro num palco não muito grande gera problemas do tipo); os volumes estavam muito altos, então é claro que vazaria algo.
A moça teve que parar 2 vezes; o negócio só andou na 3ª "tomada".
•Agora o fato mais feio da noite.
Depois da 2ª parada da moça citada, os caras do som foram quebrar a cabeça p/ tentar resolver o problema, enquanto o apresentador enrolava, e tal.
Pois bem, tira cabo daqui, conecta algo dali, e eu vejo a triste cena: o professor (creio que também dono) de uma escola de áudio daqui da cidade me aparece, dando umas cacetadas num microfone pra ver se saía som (sim, isso mesmo). Cacilda. @#$%!! :evil: :evil: :evil:
De repente ele tava nervoso, nem pensou na hora, só queria ver o "show" prosseguir. Mesmo assim, de novo: cacilda. Se for o caso, ele precisa se controlar! Se não for... :evil: :evil: :evil: :evil:
De qq forma, a moça veio, fez a última tentativa e conseguiu. Em outras ocasiões a microfonia quis voltar, mas foi controlada.
•Apesar dos problemas, percebi que o sistema fala bem demais! Os subs (quaisquer que fossem) batiam bem, volume não faltou (com certeza)... Se fosse bem operado, seria uma jóia!
E, desse jeito, o evento foi até o final: volume insuportável, excesso de altos e médios-altos, pouca inteligibilidade das vozes... Aliás, até mesmo entre os instrumentos da banda faltava equilíbrio.
Sobre a acústica, de repente o som direto tava tão forte que nem dava p/ ouvir as reflexões... Hehehe.
O que aprendi:
*Eu realmente gosto de fazer som ao vivo. Pena ter poucas chances de exercitar a paixão (fora os cultos na igreja, quero dizer);
*Vi mais um exemplo de que equipamento bom não basta (não vi tudo, mas se tinha FZ no bolo, dá p/ imaginar muita coisa, não?) -- é preciso saber "pilotar" a máquina;
*Acho que, apesar de todas as limitações, tanto minhas quanto das condições em que trabalho, tenho conseguido fazer algo de qualidade, graças a Deus.
Dúvidas:
- Há problemas em usar módulos de line-array do modo mostrado? Imagino que não, já que fora do arranjo típico de LAs eles se comportam como caixas comuns, exceto pelos ângulos de dispersão -- tô certo?
Detalhe: as caixas não estavam suspensas. Estavam sobre o palco, numa área fora do "pedaço" dos músicos.
- Os músicos da banda usavam fones e os amps virados p/ eles. Há propósito nisso (uma vez que já há o retorno)? Não seria melhor limpar o palco, afastando os amps (que seriam microfonados do mesmo jeito)? Tive a impressão de que as microfonias com a moça (e em outros momentos) ocorreram por esse excesso de som no palco. Enfim, esclareçam essa questão, por favor.
É isso. Espero que o relato seja útil, hehe (e que vcs respondam minhas perguntas -- tão querendo moleza, é?? :mrgreen: ).