[TRADUÇÃO] Da Rane: "Por que não Y?"

TSA

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Como esse é o 1º texto, alguns esclarecimentos:

* Todas essas traduções são feitas com autorização por parte da Rane. Eles estão cientes do que eu estou fazendo, e me deram permissão.

* Procuro manter os textos com o máximo de fidelidade possível em relação ao original (não há alterações no conteúdo), mas obviamente há particularidades de cada idioma que podem forçar a certas mudanças. O sentido, no entanto, permanece o mesmo.

* Eles costumam ter umas tiradas de humor nesses textos. Tento transportá-las sem danos, mas não é tarefa tão fácil. :)

* O propósito aqui é ajudar a comunidade. Esses artigos são de grande relevância, e com certeza vão ajudar muita gente. Mas nada substitui a leitura do original. Se você ainda não entende inglês, tá perdendo muita coisa. :wink:

* Tenha bom-senso (e honestidade) e não copie esse texto (pelo menos, não sem o devido crédito). Além de meu trabalho de tradução há aqui o trabalho óbvio de um profissional da Rane, que elaborou o texto original.

* Correções e revisões são bem-vindas.

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Texto original: Why Not Wye?

Por Dennis Bohn, Rane Corporation

Escrito em 1991; última revisão em abril de 2004


Convenções para entendimento das imagens:

•"Input 1" = entrada 1;

•"Input 2" = entrada 2;

•"Summed output" = saída "somada", já com os sinais misturados;

•"Stereo input" = entrada stereo;

•"Mono output" = saída mono.




Por que não Y?


• Dividindo sinais

• Usando subwoofers mono

• Soma (mistura) não-balanceada

• Soma balanceada

• Impedâncias de saída


Introdução

Cabos Y nunca deveriam ter sido criados.

Qualquer coisa que possa ser ligada errado, será. Você sabe quem disse isso, e ele está certo. Um cabo Y usado para dividir um sinal em duas vias está sendo usado adequadamente; um cabo Y sendo usado para misturar dois sinais é abusivo e pode até mesmo danificar os equipamentos envolvidos.

Essa é a regra: saídas têm baixa impedância, e devem ser conectadas somente a entradas de alta impedância -- nunca, nunca una duas saídas diretamente -- nunca. Se você fizer isso, cada saída vai tentar acionar ("empurrar") a impedância bem baixa da outra, forçando ambas até seus limites de corrente e possivelmente a danos. No mínimo, o resultado é uma perda de sinal severa.


Usando seus graves em mono

Um dos exemplos mais comuns de junção de duas saídas é o uso de um sinal mono na via de subgraves em sistemas multi-via (multi-amplificados, com crossover ativo). Os sinais combinados são usados para alimentar um subwoofer.

Como frequências baixas -- abaixo de 100 Hz -- têm comprimentos de onda bem longos (vários metros), é muito difícil dizer de onde esses sons vêm (como alguns amigos). Elas apenas estão lá -- em todo lugar. Devido a esse fenômeno, usar um único subwoofer é uma forma relativamente barata de adicionar subgraves a sistemas pequenos.

A questão que surge é: qual a melhor forma de juntar os dois sinais? É muito fácil fazer isso usando as redes resistivas descritas abaixo. Não se faz isso usando um cabo Y.



"Caixinhas" de mistura


Caixinha não-balanceada

A figura 1 mostra a rede necessária para fontes de sinal com saídas não balanceadas. Dois resistores conectam ambas as entradas, simultaneamente, a um terceiro resistor, que é conectado ao terra de sinal. Este é enviado para o jack de saída. Os valores dos resistores podem ser bem diferentes, o que não altera muita coisa. Do jeito que está descrito, a impedância de entrada é de cerca de 1k ohms e a de saída é de uns 250 ohms. Esse valor é baixo o suficiente para permitir a transmissão por linhas longas, apesar de esse circuito ser passivo. A impedância de entrada é baixa e requer um crossover capaz de acionar uma linha de 600 ohms, mas isso não deve ser um problema para aparelhos modernos.

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Figura 1 -- Caixinha de mistura não-balanceada

Os anéis (rings) são conectados um ao outro, bem como as "mangas" (sleeves); contudo, os anéis e as mangas não são interconectados. Deixar a saída flutuando assim torna a caixa compatível tanto com sistemas balanceados quanto não-balanceados. Também torna a caixa ambidestra: agora ela é compatível tanto com cabos de 1 quanto de 2 condutores. Usar cabos mono interliga ring e sleeve, e a caixa então atua como um sistema não balanceado normal; usando cabos stereo, aproveitam-se os benefícios do "balanceamento flutuante".




Caixa stereo-mono

A figura 2 mostra uma rede para transformar uma entrada stereo numa saída mono. A entrada e a saída são jacks P10 TRS ou P2 TRS. Os comentários sobre os valores dos resistores na figura 1 se aplicam igualmente aqui.

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Figura 2 -- Caixinha de mistura stereo-mono




Caixinha balanceada

As figuras 3 e 4 mostram os esquemas para criar uma caixinha de mistura balanceada. O projeto é uma extensão natural do mostrado na figura 1. Aqui tanto tip (pino 2, positivo) quanto ring (pino 3, negativo) são unidos através das redes resistivas mostradas. Use resistores iguais, de tolerância de até 1%. Qualquer diferença entre resistores que deveriam ser iguais degrada a capacidade de rejeição de modo comum do sistema.

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Figura 3 -- Caixinha balanceada usando conectores XLR

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Figura 3 -- Caixinha balanceada usando conectores P10 TRS



"Cupins na madeira"

A vida tá indo bem, e então você dá uma topada. A "quina do móvel" desse artigo tem a ver com aplicações em que você quer misturar duas saídas e ainda continuar usando cada uma delas separadamente. Se tudo o que você quer é misturar as saídas e usar apenas o resultado dessa soma (a aplicação mais comum), então pule essa seção.

O problema que surge do uso das 3 saídas (as 2 originais e a contendo a soma delas) é o da separação de canais, ou crosstalk. Se o dispositivo de saída tiver impedância (de saída) zero, então a separação entre canais não é prejudicada usando-se essa caixinha. No entanto, quando lidamos com equipamentos na vida real, lidamos com impedâncias finitas de saída (de baixos 47 ohms a altos 600 ohms). Mesmo uma impedância de saída baixa como 47 ohms produz uma separação entre canais de apenas 27 dB, ou seja, o canal indesejado está apenas 27 dB abaixo do sinal devido. (Detalhes técnicos: o canal indesejado, percorrendo o circuito de mistura, se parece com 1011,3 ohms acionando os 47 ohms de impedância de saída do canal desejado, produzindo um crosstalk de 27 dB.)

Mas 27 dB não são tão ruins quanto se imagina. Como comparação, lembre-se que mesmo as melhores cápsulas de toca-discos tinham uma separação entre canais aproximadamente igual. Portanto a separação stereo é mantida no mesmo nível dos sistemas hi-fi de alta qualidade dos anos 70.

Para sistemas profissionais isso pode não ser suficiente. Se um "sacrifício" for aceitável, pode-se melhorar esse número. Se você multiplicar os valores dos resistores por 10, então a separação entre canais passa de 27 para 46 dB. Mas, como sempre, essa melhora não sai "grátis". O preço a ser pago é que a caixinha agora tem alta impedância de saída, o que impede o uso de cabos longos. Uma capacitância de 3000 pF é o limite realista. Isso dá um máximo de 18,28 metros (de cabo que tenha capacitância de 164,04 pF/m), um valor razoável. Então, se seu sistema puder se limitar a esse comprimento de cabo, essa mudança dos resistores é uma opção para melhor separação entre canais.

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Tailan,

Absolutamente F-A-N-T-A-S-T-I-C-O.

No Brasil, é muito comum usarmos cabos em Y. Eu mesmo tenho alguns assim. Mas eu sabia que isto tinha um preço. Agora, eu sei exatamente qual esse preço. Muito show mesmo!

Parabéns.

Como foi que fez para entrar em contato com a Rane? Eles permitiram a tradução de primeira?

Fernando
 
bersan disse:
Como foi que fez para entrar em contato com a Rane?
Entrei em contato por e-mail, falando com o webmaster e designer das publicações.

bersan disse:
Eles permitiram a tradução de primeira?
Sim! Claro que há condições a serem seguidas, mas não houve entrave, o rapaz apenas explicou as condições e deu permissão. Eles encorajam a tradução dos artigos, na verdade.


Assim que puder, vou postar outras traduções. Aguardem :wink: .
 
Olá amigos,

Um amigo me fez uma pergunta e eu não soube responder e resolvi pesquisar.
Posso juntar os sinais do crossover formando 1 só sinal ? Por exemplo, num crossover 3 vias, pegar as saidas de médio grave e médio agudo juntar em um cabo Y e mandar por exemplo para 1 caixa ativa (que tem divisor passivo) ?
O dúvida surgiu, pois ao tentar usar o crossover dbx 234xl com 2 vias, o corte mínimo para a via de altas começa em 450hz e ele queria descer mas um pouco tipo 250hz ...
Explicando melhor ele pretende usar subs passivos + caixas ativas (médio grave +driver). Para não forçar as ativas ele queria fazer um esquema tipo 2 vias, crossover cortando graves em 250hz e daí pra cima mandando o sinal para as ativas.
Usando o dbx com 2 vias não seria legal por o corte menor para a via de altas é em 450hz, então ficaria o sub cortado em 250hz e medio grave + ti de 450hz pra cima, então ficaria um buraco entre 250hz e 450hz.
Pelo que li na tradução não posso juntar os sinais da saida. Se fosse possivel usaria o crossover com 3 vias e juntaria as vias de médio grave e médio agudo.
Pelo que li na tradução a única forma de fazer isso é usando essa caixa de mistura balanceada, OK ? Deve-se usar que tipo de resitor ? 1/4, 1/8 ???
 
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