Tutorial sobere a produção de um CD - Muito Interessante

Lucas Ferreira

New Member
Texto escrito por Lampadinha, produtor de muitas bandas por aí.
quem quizer, dá uma uma conferida no blog dele <!-- m --><a class="postlink" href="http://www.blogdolampadinha.com.br/">http://www.blogdolampadinha.com.br/</a><!-- m -->

A gravação.

Depois da pré resolvida, chegou a hora de ir para o estúdio registrar tudo.

Afinal de contas como eu disse, o estúdio é de gravação. Então já que tudo está certo, antes de gravar precisamos decidir em que formato vamos registrar o trabalho, fita ou hd?

Com o passar do tempo gravar em fita acabou se tornando inviável, não só por causa do custo altíssimo dos tapes, mas também pelo caminho que as produções tomaram. Pra você ter uma ideía, uma fita de duas polegadas suporta apenas 15 minutos de gravação. Hoje em dia é muito comum um trabalho com 48 canais, isso em uma banda de rock, um sertanejo por exemplo chega facilmente a 60. Sem contar que as máquinas analógicas tem apenas 23 canais de uso, porque o canal 24 fica sempre reservado para o sinal de SMPTE, que é o responsável pelo sincronismo entre as máquinas.

Sem contar que se você tiver 60 canais, você precisará linkar três máquinas para mixar esse trabalho! O qua acaba inviabilizando o trabalho por ordem técnica, pois não existem mais estúdios que tenham em qualquer sala três máquinas de duas polegadas a disposição. Sem contar o custo, que pode chegar facilmente a R$10.000,00 só de fita.

Já gravando em hd, além de você ter brincando 100 canais, o preço do hd varia de R$200 a R$1.000,00. Sem contar que com um hd de 300Gb por exemplo, você consegue fazer dois ou três trabalhos. Três discos com R$1.000,00 de hd! Não precisa ser economista pra sacar a diferença né? Digamos que você compre dois hds, um para trabalhar e outro para backup, porque como sempre digo, no digital quem tem um, tem nenhum. Mesmo assim você gastará no máximo R$2.000,00! Lembre-se que naquele valor das fitas não tinha backup heim? Se alguma fita mastigasse ou arrebentasse, um abraço!

Bem, já que decidimos em que formato gravar, é a hora da gente escolher onde iremos gravar, e isso vai depender exclusivamente do orçamento do trabalho. Se será em um estúdio profissional, ou no seu próprio home estúdio.

Escolhido o estúdio, o ideal é armar a nossa agenda de gravação mais ou menos assim, dois dias para as bases, onde todos tocam mas o foco é a bateria, três dias para guitarras e baixo e três dias para as vozes. Como já definimos na pré os arranjos, bateria, peles e instrumentos, as coisas serão mais fáceis. Claro que ao longo do trabalho algumas dúvidas irão surgir e as mudanças serão inevitáveis. Mas isso faz parte, e é por isso que já demos um start na pré não é mesmo?

Pós-produção

Nos trabalhos atuais a pós acabou se tornando obrigatória.

Antigamente quando não tínhamos a pós, logo depois da gravação já era a mix, hoje não dá mais pra ser assim. A pós é tão importante que costumo dizer que na verdade ela é uma pré mix. Na pós você faz um pente fino de tudo que foi gravado, desde bateria até a voz.

Na bateria você pode arrumar todas as deficiências que houverem, como uma caixa, um tomtom, um bumbo que falhou, ou uma virada que ficou um pouquinho corrida. Também se você quiser dá pra colocar um som adicional (da própria caixa e bumbo se quiser) só para dar uma firmeza maior na pegada do batera. Mas nem sempre precisa. Nos tambores as vezes é legal dar uma acertadinha nos volumes, mas não exagere pra não tirar a dinâmica que o músico colocou na execução. Pode ser que tenha uma tomtomzada mais fraca, outra mais forte, e assim por diante.

No baixo dá para dar um tapa naquela nota que não ficou muito clara ou até mesmo uma que ficou errada, e sabe lá porque passou batido na gravação. Também dar uma limpada onde não se toca para tirar um barulinho ou outro é uma boa.

Nas guitarras a gente pode dar uma ajustada nas palhetadas que não ficaram justinhas, e dar uma limpada na barulheira que fica nos vazios, principalmente quando se usa uma guitarra com distorção. Ajustar pra que fique igual um início de um trecho com uma pegada mais forte é uma boa. Colocar em um nível legal as guitarras clean que ficaram um pouco baixas na gravação ajuda bastante, e isso serve para os violões também.

Na voz é claro que usaremos um software de afinação, hoje em dia todo mundo usa, todo mundo mesmo. Então porque não usar? Só pra falar que gravou sem? Besteria. Até Frank Sinatra usava. É como ter um carro com ar condicionado e não usar em um dia de calor absurdo! Faz sentido? Claro que não. O que as pessoas não entendem é que esses softwares de afinação foram feitos pra quem canta, não para quem não canta. Quanto melhor o cara cantar, menor será o trabalho para afinar. Quem não canta que vá aprender cantar, para depois pensar em gravar! Não existe (ainda) um software que faça entrar uma gralha com um tiro na traquéia de uma lado, e sair uma Elis Regina do outro! A emoção é única, não adianta uma voz afinada como um sino, se a emoção for de um copo d´água. Afinar a voz hoje em dia faz parte do trabalho, é igual afinar um violão para gravar.

Depois que a gravação em hd entrou no music business muitas coisas mudaram, antigamente se um coro cantava em vários trechos da música a mesma coisa, era precisa gravar cada trecho. Hoje não mais, se é igual, e é pra ficar igual, por que não copiar o trecho? Isso mesmo! CRTL C e CTRL V! Qual o problema? Lembre que o estúdio é pago por hora, ai você vai concordar comigo. Também é bem legal dar uma alinhadinha nos finais de frases do coro, além de colar o que mais for preciso.

Se você usar com bom senso essas ferramentas que a tecnologia de hoje nos proporciona, com certeza terá um material bem preparado para mixar. Pense no seguinte, se a sua pós estiver redondinha você levará menos tempo para mixar!

Mixagem

Depois da pré amarradinha, da gravação bem captada e daquele tapa dado na pós, chegou a hora da mix. Agora é a hora em que agente vai colocar tudo o que foi gravado em seu devido lugar, mesmo porque já temos os timbres todos bem definidos de baixo, guitarras, bateria e vozes.

Na primeira música sempre a gente fica um pouco mais de tempo, porque é nela em que você decide as ambientações e planos que serão padrão. Não serão uma regra mas uma base para as outras músicas.

Vou dividir a mix em quatro partes, começando pela batera. Já que ela já está no lugar, é só decidir qual será a ambientação para aquela música, através da colocação de efeitos como o reverb. Claro que cada um tem a sua metodologia de trabalho, na minha eu costumo trabalhar apenas com quatro reverbs principais, um grande, um médio e um pequeno, além de um delay que varia de acordo com o andamento da música. Claro que existem momentos em que a gente precisa de um delay específico, como na voz só para repetir "aquela palavra", ai como já estamos trabalhando em workstations fica fácil, é só criar um canal só com aquela palavra e colocar o plugin de delay que quiser. Aí você pergunta, mas você usa o mesmo reverb para a bateria e para o resto? Sim. Qual o problema? Tá soando bem não tá? Então tá bom! Lembre que você mixa com os ouvidos não com os olhos. Ouça, se estiver bom, manda bala!

O baixo se não tiver nenhum tipo de efeito especial, depois que você achar o lugar dele na mix, dificilmente ele dará trabalho, exceto uma frase ou outra para evidenciar.

Guitarras, todo o trabalho mais complicado já foi feito, a escolha do instrumento, amplificador e timbres. Então é só colocar no plano que você quiser. Simples assim. Claro que existem frases de guitarras que necessitam como o baixo de uma certa evidência em alguns momentos. Aí é só dar aquela "pilotada" e tudo bem. O que muita gente não entende é que mix é mix, não pós, por isso que muita gente se ferra, os caras deixam para decidir muita coisa na mix, aí meu amigo, aquela mix de 3 horas virá 8 fácil. E cá entre nós, eu não aguento mixes de 8 horas, depois da quarta eu já tô é com o saco na lua! Quem disse que precisa de trocentas horas pra que a mix fique boa?

A voz! Cara na boa, se o cantor mandar bem não é muito difícil achar um microfone para ele, então na mix a voz captada já é para estar com "um puta som de voz"! Não tem como fugir, a voz é que é o principal do trabalho (a não ser que seja um trabalho instrumental né), então ela deve ter uma atenção super especial. Hoje em dia com a gravação em workstations dá pra dar um trato master-power-plus nela! Deixando do jeitinho que você quer.

Se liga, a ambientação toda e o local em que os instrumentos ficarão não só na questão de volume, mas também de localização panorâmica, serão decididos na mix. Colocar o instrumento no local correto no "pan" é muito importante, por exemplo, se a guitarra estiver no centro e você colocar só um pouquinho para a esquerda, ela já fica em evidência pra caramba! Por isso fique esperto no pan! Ele é super importante na mix.

Mix pronta? Então agora é só copiar no formato que você quiser e mandar para a masterização. Não vai mandar? É você mesmo que vai masterizar? OK!

Masterização

Antigamente muita gente costumava dizer, “depois a gente arruma na mix”. Se você leu os outros posts sobre as fases de uma produção, sabe que isso é pura lenda. Só que depois que a masterização apareceu com entrada do CD no mercado, a frase mudou para “depois a gente arruma na master”! Putz! Pior ainda! A sacada é a seguinte, pré bem feita, músicos tocando bem, gravação bem captada e mix redondinha. Tudo isso resulta em uma masterização tranquila, porque ai o Engenheiro de Som responsável pela master não precisará tentar “arrumar” o que alguma dessas etapas tenha feito errado.

A masterização consiste basicamente das seguintes etapas:

01 – Colocar as músicas na ordem em que elas aparecerão no álbum.
02 – Acertar os volumes entre as músicas, para que quando vc troque de uma faixa para outra, o volume não estoure os seus auto-falantes por exemplo.
03 – Colocar o número do ISRC em cada faixa. O ISRC é a abreviação de International Standard Recording Code (Código de Gravação Padrão Internacional), ele é um padrão internacional de código para identificar de forma única as gravações sonoras e de video, tipo um RG de cada música.
04 – Correção e equilíbrio se necessário, de equalização, compressão, ou no caso de você querer uma sonoridade diferente depois da mix. Como por exemplo, uma cara de “banda com um som bem comprimido”.
05 – E dependendo do caso, acertar os finais de músicas, como os fade outs. Aqueles finais de músicas que vão abaixando bem devagar.Você pode perguntar se uma masterização pode ser feita em casa, pois hoje em dia softwares que masterizam estão aos montes pela net. Claro que pode, da mesma maneira que vocÇe pode gravar e mixar em casa também, só que em um estúdio profissional, com um time de profissionais que só fazem isso há anos o resultado será outro. No áudio tudo dá, não existem regras, mas como costumo dizer, você tem que saber muito para mexer pouco, isto é, quanto mais experiência você tiver, menos você vai dar voltas, porque você já sabe onde quer e vai chegar.
 
Vitor
Tomara q seja tão fácil de entender qto os post do Bersan



Meuuu imprimi hj e vou ler no tremzão a caminho da Facul!!!
 
li ontem, muito bom msm, agora só falta uns $$ pra testar... e falta ainda bastante experiência, mas estamos aqui para aprender...!
 
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