Workshop de Áudio e Acústica para Igrejas - ES

David Fernandes

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Atenção pessoal da Grande Vitória, Cachoeiro de Itapemirm e Colatina!!!

A Carneiro Instrumentos Musicais, com o apoio da Revista Comunhão, promoverá no início de novembro uma série de workshops sobre áudio e acústica voltados para igrejas. O palestrante será Denio Costa, da DGC Áudio. Os detalhes estão abaixo. Não percam esta oportunidade. O ingresso custa 2 kg de alimentos não perecíveis.

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[]'s
 
Olá gente,

desculpem a demora em escrever...

O Dênio Costa é uma pessoa incrível. Assistir palestras com ele (minha terceira) é sempre prazeroso. Ele ensina o tempo todo contando coisas engraçadas. Ele vai contando os "casos" (na maioria das vezes algo para se chorar, na verdade) de maneira tão lúdica que a gente aprende bricando. Estava bem cheio de operadores (sei pela idade, maioria jovens), infelizmente pouquíssimos líderes (quase ninguém acima de 40 anos).

O primeiro slide da apresentação foi este:

SITUAÇÕES COMUNS EM IGREJAS:

- Dificuldade na escuta de retornos
- Problemas com o Disk-Silêncio
- O quartinho do som
- Palavras não são bem entendidas
- Muita reverberação de som no ambiente
- Outras igrejas tem o mesmo equipamento, mas com desempenho melhor
- Muita dificuldade quando mais de um grupo musical se apresenta
- A obra é feitas aos poucos e nem sempre há projeto.
- Cômodos ("puxadinhos") são anexados ao longo do tempo
- Gesso, Aço, Espelho, Vidro, Mármore e Granito

Só que o jeito dele falar... fantástico. Por exemplo, onde a turma toda riu muito. Sobre o quartinho do som, olhem o diálogo que ele fez consigo mesmo:

Dênio: "E o operador de som, onde vai ficar?"

Pastor: "ah, a gente tem um cômodo ali no prédio anexo, ele pode ficar lá, é só puxar uns fios"

Dênio: "mas não pode, ele tem ouvir o que está acontecendo"

Pastor: "tem problema não, eu tenho umas caixinhas de computador sobrando lá em casa" (turma inteira caiu na gargalhada)

Dênio: "não, de jeito algum. Ele tem que ficar no meio da nave, junto com o público, sentado na mesma altura que o restante do público, ouvindo exatamente a mesma coisa que o restante do público ouve. Não pode ficar em quartinho nenhum, não pode ficar no mezanino porque o som lá é diferente do som embaixo, não pode ficar próximo das paredes porque elas alteram o som. É no meio da igreja!

Pastor: "mas para isso eu vou perder uns 6, 8 lugares. E vou botar essa gente aonde"?

Dênio: "põe lá no cômodo no prédio anexo, com as caixinhas de computador" (e pronto, a sala inteira caiu na gargalhada).

Sobre Acústica:

"Para os pastores, tratamento acústico quer dizer colocar isto aqui: gesso, aço, espelhos, vidros, mármores e granitos. E quando você fala que nada disso serve e que vai ter que recobrir tudo com material absorvente, só faltam te bater por esconder os caríssimos granitos e mármores".

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Ele bateu muito na teclado de uma palavra: PROJETO

Porque se faz projeto de engenharia da construção? Se faz para evitar que caia tudo na cabeça de alguém, a princípio, mas se faz porque a Prefeitura exige, se não... Então se contrata um arquiteto para o projeto arquitetônico, um engenheiro civil para fazer o projeto civil (estrutura), um engenheiro elétrico para o projeto elétrico, um engenheiro hidráulico para a parte hidráulica.

E o som? Ah... o som... tem um menino aqui que sabe tudo desse negócio de som. Ou então... "o vendedor da loja tal vai me fazer o projeto".

Quando você está doente, você procura quem? O médico. Quando está com problema na justiça, procura quem? O advogado. E quando tem que fazer o som, qualquer um serve!!!! Está errado!!!!

Ele citou como pequenas mudanças na fase de projeto significam economia de altos valores lá na frente. "Paredes e teto construídos com angulações podem economizar dezenas de milhares de reais em tratamento acústico. E quanto custa angular uma parede ANTES da construção. NADA. E quanto custa tratar a mesma parede depois? Uma fortuna".

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O que é um PROJETO DE SONORIZAÇÃO? É aquel que tem como objetivos:

De áudio:
- promover inteligibilidade
- um SPL adequado
- uniformidade de som
- uma boa cobertura sonora
De acústica:
- isolamento
- tratamento
- conforto

Isolamento: cada caso é um caso. Se a igreja fica em local isolado, distante dos vizinhos, nem precisa de isolamento. Por outro lado, muitas vezes as igrejas são construídas "coladas" em prédios e casas, e depois de vários problemas com o Disk-Silêncio, é necessário fazer o isolamento da igreja. Chegam lá e fecham tudo. "Agora, juntar um monte de gente em um local fechado significa ter que colocar ar-condicionado". "Isolou, condicionou, a acústica muda, e aí tem que fazer tratamento acústico, se não ninguém entende mais nada lá dentro por causa da acústica".

"E sempre tem um que fala: enche de caixa de ovos, ajuda na acústica. E o pastor manda encher a parede de trás da igreja com caixas de ovos, depois cobre com uma cortina para não ficar feio. Tem só um problema: aquilo é altamente inflamável e extremamente higiênico."

"Aí, alguém indica substituir tudo por Sonex. Arranca-se a caixa de ovos e se compra-se um monte de Sonex, que não é inflamável nem ant-ihigiênico. Seca os agudos todos, mas os graves continuam a sobrar, reverberar... Acústica exige projeto, não tem jeito, não tem solução milagrosa."

Projetos que devem trabalhar em harmonia:

- Sonorização da nave
- Sonorização de ambientes (salas anexas, berçários, secretarias, etc) e prédios anexos
- Gravação multipista. Ainda que não feito de imediato, o equipamento tem que suportar a necessidade no futuro
- Projeção de vídeo
- Arquitetura - tudo o que é feito de bom aqui economiza-se em tratamento acústico depois
- Decoração / paisagismo - som não tem que ser feio, existem soluções que integram o ambiente
- Cálculo estrutural. O sujeito sai pendurando caixas acústica e depois o teto desaba todo.
- Prevenção e combate a incêndio
- Luminotécnico (as luzes utilizadas)
- Elétrico
- Condicionamento de ar

Tem mais...
 
Das duas horas e meia, ele ficou quase 1h30min em apenas um assunto: Caixas Acústicas.

Abordou a Lei dos Inversos dos Quadrados e a sua importância no posicionamento das caixas.

Abordou o funcionamento do sistema de line-array (usou com base o software da Attack, demonstrou tudo, mas não entrou no preço...)

Falou sobre a necessidade de implementação de sistemas de delay. Inclusive, demonstrou. No salão onde houve a aula ele colocou uma caixa na frente e outra no meio, a uns bons metros de distância (+/- 10). No início da aula, perguntou para a turma do fundo se a caixa estava ou não funcionando, e todos responderam que não.

No meio da aula, quando abordou caixas, explicou que a caixa estava sim funcionando, mas com os devidos ajustes de delay e volume, o som parecia que vinha todo da frente, e a caixa aparentava estar desligada. Esse é o jeito correto. Mandou a turma inteira para o fundo da sala e então tirou os ajustes de delay e igualou os volumes. Era clara a diferença de sonoridade.

Mostrou a importância de se evitar os cancelamentos, através de um teste muito interessante. Eu mesmo aprendi essa (para usar quando eu dou minhas aulas). Ele montou um cluster, duas caixas juntas e alinhadas. Começou a afastar uma da outra, coisa de centímetros. E os problema de fase apareceram, mudando a sonoridade para pior. Facílimo de demonstrar, e perfeitamente audível por todos.

Um outro teste muito interessante foi sobre inversão de polaridade nas caixas. Nesse mesmo cluster, ele inverteu (através de um cabo específico) a polaridade de uma das caixas. Os graves então sumiram. Mostrou diversas vezes a diferença de polaridade em fase e fora de fase, para o pessoal conseguir perceber bem (para mim era completamente óbvia a enorme diferença). Daí, começou a discorrer que cansa de chegar nas igrejas e encontrar caixas invertidas, ou falantes invertidos em caixas montadas (as "Frankstein"), bem menos em caixas de marca.

Nesse ponto, uma coisa bem interessante. Alguém perguntou "como é que se testa isso aí?" e ele sacou um aparelho bem diferente, para fazer os testes. O aparelho era muito diferente de qualquer coisa que se tenha visto, e quando alguém perguntou o preço, ele falou em R$ 17.500,00, realiza mais de 30 testes e medições de áudio diferentes, e ele usa como principal ferramenta de trabalho.

Também mostrou os efeitos da equalizaçã. Fez o seguinte com o equalizador:

- mostrou a voz dele "flat"

- fez um "V" da equalização e a mesma voz dele. Os agudos saltaram, os graves deram um pulo e... faltou alguma coisa (os médios). Cansativo após algum tempo.

- Fez depois um "V" invertido no equalizador, mostrando agora com excesso de médios e nada de agudo nem grave. Horrível.


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Falou um pouquinho sobre os benefícios dos equipamentos digitais, falou um pouco sobre a necessidade de se preparar a mão-de-obra para operar o sistema, e por fim entrou em Análise Custo/Benefício.

Custo/Benefício ou Benefício/Custo?

Olhar custo e depois benefício é comprar o equipamento mais barato possível e depois ver o benefício que ele pode trazer, o que nem sempre acontece... e daí precisa comprar novamente depois... Citou o exemplo de uma igreja que queria entrar na era das mesas digitais, e queria comprar uma 01V96. Até aí tudo bem, mas a 01V96 tinha que ter 48 canais para atender a todas as necessidades, o que ela não tem... Comprar a 01V96 só porque é mais barata não resolve o problema da igreja, na verdade vai criar outros problemas que demandarão mais custo.

Olhar benefício x custo é primeiro levantar os equipamentos que atendem às necessidades atuais e inclusive futuras. Depois, compra-se o mais barato ENTRE os equipamentos que atendem. Citou como exemplo a compra de um carro: eu quero um carro com direção hidráulica, vidro elétrico, motor 1.6, garantia de 3 anos, ABS, Air Bags. Verifica-se quem atende a esses requisitos no mercado e depois se compra o mais barato.

E, é claro, citou a importância de planejamento. Citou o caso de uma igreja na Bahia, que há pouco havia terminado de implementar um projeto de som que ele fez, e que levou 8 anos para isto. Ele disse que o pastor fez devagar, na medida do possível, mas exatamente dentro do projeto de som que havia sido estabelecido, e que o resultado foi o melhor possível. E brincou: "para o pastor também foi ótimo, pois se alguma coisa desse errado ele só precisaria de uma bala no revólver, para matar o infeliz que fez o projeto que não deu certo. Mas graças a Deus tudo correu como o esperado e ele está satisfeitíssimo".


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Esse é um resumo, claro, do que eu anotei. Pena que o David Fernandes teve que sair mais cedo um pouco... Educadíssimo como ele sempre é, não falou nada, mas na parte de projeto, de custo/benefício e tantas outras, ele estava com aquela cara (merecia a foto...) de "eu estou sempre falando isso no SomAoVivo". E está mesmo.

Parabéns ao Dênio, parabéns pela Carneiro pela iniciativa, pena que foi rápido.

e quando será o próximo?

Um abraço,

Fernando
 
No meio da aula, quando abordou caixas, explicou que a caixa estava sim funcionando, mas com os devidos ajustes de delay e volume, o som parecia que vinha todo da frente, e a caixa aparentava estar desligada. Esse é o jeito correto. Mandou a turma inteira para o fundo da sala e então tirou os ajustes de delay e igualou os volumes. Era clara a diferença de sonoridade.
Essa eu queria ter visto!
 
Gente,

se um dia vocês precisarem de um palestrante, o Dênio é simplesmente fantástico. Ele tem uma capacidade de síntese enorme, mas sem deixar de lado os detalhes importantes. O seu jeito divertido de ensinar prende a atenção da platéia e faz o tempo passar rápido (até demais) sem cansar. Seu domínio do assunto é muit grante, tanto teórico quando prático. Ele não passou pelos assuntos, simplesmente "passeou", na maior tranquilidade.

Mas ele cobra, hein... ele vive disso.

Fotos:

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Material disponível para trabalhar. As caixas são

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As novas da Attack, sistema Versa, ativas, com o sub embaixo. Fala muito! Pena que é caro... R$ 4.000,00 o sub + R$ 2.500,00 cada caixa. E como line-array não se faz com uma ou duas caixas somente....

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Notebook da Apple, dois gerenciadores de caixas.

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O próprio Dênio Costa

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Na hora em que ele levou a turma toda lá para o fundo (por isto as cadeiras vazias na frente) e foi explicar delay

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O aparelhinho de R$ 17.500,00

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Voluntários demonstrnado como se faz o teste de polaridade

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E eu "tirando casquinha".

Um abraço,

Fernando
 
Olhe só...

o teste pode ser feito com o aparelhinho de R$ 17.500 ou com os Phonic PAA-2 ou 3, estes bem mais baratos. Exige-se um aparelho especial porque o tipo de som é especial. Ele tem que ser um som só positivo (lembra da onda senoidal? parte dela é positiva, parte negativa). O sinal gerado é apenas positivo, e o microfone capta o sinal gerado, analisando se o mesmo foi positivo (em fase) ou negativo (fase invertida).

Ele disse que, em qualquer sistema que ele chega para alinhar, ele faz o teste, caixa por caixa, falante por falante. O sinal tem um componente grave/médio e agudo, então dá para testar todos os falantes. Em caixas montadas é muito comum ter problemas de falantes com polaridade invertida, e até em caixas de marca (mas não disse quais) ele verifica também.

Se woofer e driver estiverem invertidos, a grande possibilidade é do cabo de ligação estar invertido, e por isso ele anda com um "cabo de estimação", que é invertido, para testes.

Segundo ele, caixas com polaridade invertida "jogam contra", então é melhor tirá-las do sistema até ser possível consertá-las, do que mantê-las atrapalhando. O conserto é simples, basicamente inverter a fase.

Um abraço,

Fernando
 
Excelente!

Fernando bota isso num artigo depois, ficou muito bom! Gostei desse tal aparelhinho... baratinho, e emfim temos uma referência das Versa's.

Abç,

Marcelo
 
Tenho que participar de um evento desses um dia, o que eu sei de som e só lendo e lendo.
queria ter participado. queria saber mais sobre cancelamentos como identificar?
 
Tô sem tempo, e passarei o resto da semana fora, já deixei nos favoritos pra terminar de ler e comentar quando voltar, mas um comentário não pode faltar:

Olha uma Behringuela alí gente!

:lol: :lol: :lol:
Até domingo pessoal!
 
bersan disse:
Esse é um resumo, claro, do que eu anotei. Pena que o David Fernandes teve que sair mais cedo um pouco... Educadíssimo como ele sempre é, não falou nada, mas na parte de projeto, de custo/benefício e tantas outras, ele estava com aquela cara (merecia a foto...) de "eu estou sempre falando isso no SomAoVivo". E está mesmo.

Pois é, né? 8)

meninodosom disse:
Tô sem tempo, e passarei o resto da semana fora, já deixei nos favoritos pra terminar de ler e comentar quando voltar, mas um comentário não pode faltar:

Olha uma Behringuela alí gente!

:lol: :lol: :lol:

As caixas que ele usou no teste de cancelamento e um dos processadores eram Behringer... fazer o quê, né? :D

[]'s
 
Túlio,

O Dênio pode ser encontrado via

<!-- w --><a class="postlink" href="http://www.dgcaudio.com.br" onclick="window.open(this.href);return false;">www.dgcaudio.com.br</a><!-- w -->
<!-- e --><a href="mailto:[email protected]">[email protected]</a><!-- e -->

Jeronymo,

cancelamentos acontecem sempre que há mais de uma fonte sonora. Na seção de Teoria de Audio, se não me engano há um tópico que explica bem isto. De qualquer forma, o teste que ele fez é facílimo de ser recriado por qualquer um, bastam duas caixas acústicas juntas (em cluster), tocando a mesma música.

Um abraço,

Fernando
 
obrigado chefe Bersan!

Só pra completar minha busca:

Alguém aqui conhece outros profissionais que possam ser convidados para dar palestras e treinamentos???

Bersan, David, Ingo... Vocês se habilitam???
 
Bersan,

Perdoe minha demora em tecer comentários mas somente hoje encontrei este texto.

Estou encantado com seu nível de detalhamento. Parabéns!

Demonstra que você estava "ligado" durante nosso bate papo.

Muito obrigado pelos elogios. São sempre bem vindos, principalmente quando partem de profissionais que respeitamos.

Um grande abraço para você, para o David e aos demais da lista.
 
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