TESTE – Allen & Heath QU

A empresa inglesa Allen & Heath, que renovou o mundo do áudio desde seu primeiro console criado para a banda Pink Floyd, entrou de cabeça no mundo dos mixers digitais produzindo consoles com características únicas e inovações, e os mixers da série QU estão dentre estes consoles.

A linha é composta por 3 mixers, sendo eles: QU-16, QU-24 e QU-32 e o ultimo lançamento QU-Pac. O teste foi realizado em partes na QU-32 e na QU-24.

Pra começar, o QU-32 possui 32 inputs mono e 33 faders automatizados, além de 3 entradas estéreo, entrada 2-track e quatro retornos FZ, sendo assim, 40 entradas para mixagem, possui quatro sub-grupos, quatro DCA, dois Matriz e quatro máquinas de efeito, 12 saídas de mixagem, sendo 4 mono, 3 estéreo e LR, 4 saídas de sub grupo e 4 saídas Matrix. O console QU-24 só difere na quantidade de inputs (24 mono), faders (25), e 2 subgrupos a menos, e a tela é um pouco menor também (5″ contra 7″ da QU-32). Todos os consoles da linha QU possuem um recurso que acho fantástico: QU-Drive, que permite a gravação/reprodução de 18 canais diretos para uma interface USB (pendrive ou HD externo), e até 32 canais de in/out via saída USB na QU-32, e 24 na QU-24.

Os consoles podem trabalhar com o multicabo digital da linha A&H, mas neste caso o custo para a linha QU creio que fique elevado, valendo a pena já partir para a linha GLD, e são compatíveis com o sistema de monitoramento pessoal ME-1, no qual comentarei a frente.

 

Vamos ao que interessa, o teste!

Logo de cara consegui me familiarizar com o console, e vou resumir ele de uma maneira simples: um console digital com cara de analógico! Trata-se de um mixer digital que quem vai operar não precisa se preocupar com o path nem de entrada nem de saída (logicamente que sem utilizar o multicabo digital, mas se for utilizar também é muito simples de se configurar), só quem já passou um aperto para configurar um path de um console que não tem intimidade (que não utiliza regularmente) sabe o quanto isso é bom!

Quanto ao operacional do console, em questão de minutos já me sentia confortável para fazer o evento, e afirmo que dentre os consoles da mesma categoria (M32, X32, SI Expression, 01v96i, entre outras) este é sem duvidas o de maior facilidade de operação. Está tudo a mão. São 3 layers, o primeiro é composto pelos inputs, o segundo pelas saídas e entradas estéreo e o terceiro trata-se de um layer customizado (basta pressionar os 2 botões ao mesmo tempo que tem acesso a este layer), no qual podemos configurar o que utilizar em cada fader através do Setup do console, confesso que utilizei muito este layer deixando a mão os canais individuais mais utilizados e os grupos que fiz, além dos retornos de efeitos pra facilitar a utilização.

O processamento dos canais é muito intuitivo, temos a mão o ganho, HPF, Equalizador paramétrico de 4 vias, gate, compressor, pan. As funções básicas são acessadas/ativadas apenas se selecionando o canal desejado e pressionamento o botão correspondente ao processamento que deseja, um exemplo: se quer habilitar o compressor, basta selecionar o canal e pressionar o botão do compressor, um led ficará acesso demonstrando que o compressor está ativo no canal, para se alterar as opções do compressor, basta clicar na aba “Processing” ao lado da tela e clicar acima da aba COMP da tela touch, em seguida será aberta as opções de compressor como Threshold, ratio, gain, attack e release, e o ajuste procede da mesma maneira, se clica na aba attack (por exemplo) e através do knob abaixo da tela se faz o ajuste. Confesso que fiquei contente com a facilidade de se ter um resultado muito satisfatório com poucos ajustes, o pré da mesa se mostrou quente, muito bom, utilizei a mesa em 4 locais, sendo 3 igrejas e um home studio, e em nenhum local demorei mais do que 10min para fazer a passagem do som e conseguir um excelente resultado.

processamento

O console possui 10 vias auxiliares, sendo 4 mono e 3 estéreo, e isso pode ser visto como um problema por alguns, pois apenas 7 vias de auxiliares estão disponíveis, porém penso diferente. Na maioria das igrejas os operadores querem muitas vias auxiliares para se fazer a monitoração de todos os músicos e cantores individualmente, neste caso parece que se tornou uma regra: quanto mais melhor! Mas para os consoles atuais vejo que temos uma nova filosofia quanto ao monitoramento, que trata-se da utilização dos monitores individuais, onde a  A&H possui o ME-1, a Behringer o P16-M, a Roland o M-48 e assim por diante. Na linha QU não é diferente, com a utilização do sistema ME-1 é possível fazer a monitoração individual sem a utilização de uma via auxiliar para tal, onde é possível se ter o controle de até 40 canais em cada ME-1 configuráveis em 16 vias de acesso, da pra montar grupos de canais para se ter o controle de todos os 40 canais, desta forma se tem 7 vias auxiliares livres para se utilizar de acordo com o necessário. O problema aqui é apenas um: maior investimento a ser feito.

Como já disse, é um console bem simples de se operar, o mais fácil na minha opinião, vou citar um exemplo: em uma via auxiliar é possível ligar/desligar  ou deixar pré ou pós-fader uma determinado canal apenas selecionando a via (mix2 por exemplo) e pressionando os botões chamados PRE FADE e ASSIGN, onde todos os botões SEL ficarão com o led acesso, demonstrando que estão ligados ou desligados (acesso ou apagado) na via seleciona, ou Pre ou Pós-fader, muito simples.

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Todas as vias de saída do console possuem compressor, equalizador paramétrico e um equalizador gráfico de 31 bandas, sendo possível realizar ajustes mais finos com o auxilio do RTA incluso na própria mesa. Um recurso bacana do equalizador de 31 bandas é utilizar os faders como o próprio equalizador, no QU-32 se tem disponível todas as frequências e no QU-24 é necessário “virar a página” para se ter acesso a todos as frequências através dos faders, ou se preferir, pode fazer os ajustes diretamente na tela touch.

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Um recurso que gostei muito foi o QU-Driver, no qual é possível fazer a gravação de 18 vias (ou 16 vias + LR) diretamente no pen-drive ou HD externo, não necessitando de um PC plugado a mesa para tal. Para habilitar este recurso é necessário formatar o pen-drive de acordo com o padrão reconhecido pela mesa, onde é gerada algumas pastas para salvar os tracks, shows, livrarias, entre outros; bastando fazer o procedimento diretamente na mesa através da opção UTILITY / QU-DRIVE.

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Toda linha QU possui a opção de ser controlada remotamente, bastando um router e um Ipad ou Iphone para tal controle. Utilizei o recurso deixando o mixer configurado para DHCP e conectando o router na porta network, acionei o aplicativo QU-Pad e pronto, estava funcionando todos os recursos! Durante a utilização não percebi nenhum delay entre a comunicação dos dispositivos, apenas vi a bateria do ipad sendo drenada muito rápida (não sei afirmar se tem a ver ou não com o recurso em si, pode ser apenas um coincidência).

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Comparação com outros Consoles

Como mencionei, realizei os testes em alguns locais, onde em todos já existia uma previa estrutura com mixers diferentes, e assim consegui fazer um comparativo entre outras mesas, dentre elas: 01V96i, X32, Soundcraft SI Expression 3 e uma ZED420.

Nestes testes pude perceber que a QU se mostrou com um pré pronto, em alguns casos não precisei fazer praticamente nada, só abrir os canais para se ter um resultado melhor do que o mixer que estava instalado, em outros pequenos ajustes. O legal foi ver todos os músicos e demais envolvidos se olhando e comentando que estava melhor ou com algum detalhe a mais que não conseguiam obter com o console antigo.

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Vou focar mais o comparativo com a SI Expression 3, da igreja do amigo Cavic, que fizemos a troca dos consoles durante um ensaio, o resultado e a diferença (para melhor é claro) foi percebida de imediato por todos, bateria mais presente, vozes mais destacadas, um som mais limpo e presente em sua totalidade. Após fazermos os ajustes básicos, deixamos que o técnico Wesley operasse a mesa durante o culto, para isso apenas orientamos o básico (o mínimo mesmo) pra não haver conflitos e o deixamos a vontade, o evento ocorreu sem nenhum problema. Ao final do culto tivemos apenas elogios e comentários sobre a facilidade de operação.

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Em outros locais o teste foi realizado somente durante o ensaio devido ao sistema de monitoração instalado, ai veio o principal ponto: poucas vias de auxiliares. Isso fez com que o teste não fosse realizado durante o evento principal, apenas nos ensaios, devido a impossibilidade de se utilizar as vias de monitoração para todos. Mas o resultado sobre a qualidade foi o mesmo: melhor qualidade e maior facilidade.

Conclusão

Dentre os consoles disponíveis na mesma faixa de preço e características próximas, creio que os da linha QU são o que temos de melhor em termos de qualidade e facilidade de operação, arrancou elogios de todos que a utilizaram. Sendo os pontos negativos deste console a pouca quantidade de vias auxiliares e o preço (cerca de 30% em média mais caro que os rivais).

Agradecimentos

Gostaria de agradecer ao pessoal da Audio Premier (importadora oficial dos produtos Allen & Heath), principalmente ao Vladimir Ganzela, Kadu Melo e  Ygor Andrade, que forneceram o console para que os testes fossem realizados e também pela realização do Workshop sobre os produtos da Linha QU, onde os participantes tiveram a oportunidade de conhecer o console e utiliza-lo realmente, sentindo na pele como é fazer uma mixagem na QU-24.

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About the Author

TonReb
Moderador - Som ao Vivo

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