Imaginem alguém com esse equipamento: uma Mackie CFX-20 (R$ 3.500,00 na loja), um Behringer Ultracurve DEQ-2496 (R$ 1.500,00), um Studio R Z-700 (R$ 1.000,00), um mic sem fio AKG WMS-40 (R$ 1.200,00) Total: R$ 7.200,00. Dá para fazer um barulho legal.

Agora imaginem esse equipamento servindo para a realização de eventos – cultos, casamentos, evangelizações, etc. Cada um em um lugar diferente – clubes, quadras, ginásios, igrejas, praças, etc. Os equipamentos são bons e confiáveis, e bem operados vão garantir uma sonorização de qualidade. Mas equipamento para funcionar precisa de energia elétrica, e não dá para ter certeza se está tudo bem quanto à energia em cada um desses lugares. Na verdade, para isso seria preciso tempo, e tempo é algo que não se tem em eventos.

Como é arriscar conectar R$ 7.200,00 em uma tomada que não sabemos se é 110V, 220V, em um ginásio velho que parece que a última reforma foi a mais de 20 anos? Dá medo! Mas para tirar esse medo é que existem os condicionadores de energia, que protegem os equipamentos contra problemas de fornecimento de energia elétrica. Desses, a marca mais famosa é a Furman.

O dono desse rack de equipamentos não quis arriscar. Tem um Furman lá no alto

A Furman é a empresa de maior renome no mercado mundial quando se fala em produtos de condicionamento de energia para equipamentos de áudio. Atualmente a Furman tem duas linhas de condicionadores, a “Merit Series” (que substituiu a antiga série PL, não mais fabricada – mas ainda comum de ser encontrada para vender) e a PL-II, a linha mais nova.

O modelo em análise em questão é o M-8D, que conta com luzes para iluminação do rack e um painel digital que mostra a tensão da corrente elétrica (um voltímetro digital). O valor é de aproximadamente R$ 400,00. Também existe o modelo M-8L, que não tem o painel digital, apenas as luzes, ao custo de R$ 330,00. Existe ainda o modelo mais simples de todos, o M-8 (sem painel e luzes). Todos compartilham o mesmo nível de proteção elétrica. Em todos há 8 tomadas traseiras e uma útil tomada na frente, para conexões rápidas.

As luzes existentes em alguns modelos (M-8L e M-8D) proporcionam iluminação para equipamentos instalados em um rack. São muito úteis para quem cuida de som em ambientes escuros (cinemas, festas, boates), mas de pouca utilidade em igrejas.

Parte interna do ML-8D. Os dois longos tubos contém as lâmpadas retráteis de iluminação. A placa de circuitos é referente ao voltímetro digital.

A “Merit Series” tem proteção contra:

A) picos e surtos de tensão que surjam na corrente elétrica. Esses problemas podem surgir por causa de sobrecargas em outros aparelhos, acionamento ou desligamento de motores, problemas na linha de energia, etc. Pode parecer pouca coisa, mas esta é a  maior causa de queima de equipamentos de som. Acontecendo algo, os componentes internos do Furman se rompem, não deixando que o problema chegue aos aparelhos a ele ligados.

B) Sobretensão. Os Furman são fabricados para uma única tensão, ou 110V ou 220V. Se um aparelho 110V for ligado em uma tomada 220V, por exemplo, ele vai queimar. Mas quem vai queimar será o Furman, de R$ 400,00, e não uma mesa de som de R$ 3.500,00.

C) filtragem RFI (Interferência de Rádio Frequência) e EMI (Interferência eletromagnética). Motores elétricos (ar-condicionados, ventiladores e outros) podem “sujar” a corrente elétrica, inserindo nela componentes que não danificam, mas que produzem ruídos audíveis. É como um liquidificador ligado na cozinha atrapalhando a imagem da TV na sala. O equipamento filtra isso, não deixando essas interferências chegarem aos aparelhos.

D) sobrecarga. Existe um disjuntor que desarma quando a corrente ultrapassa o máximo permitido, que é de 15A, protegendo o aparelho. Como é um disjuntor e não um fusível, se o aparelho desarmar basta acionar novamente o disjuntor, antes resolvendo o problema de sobrecarga. Suportando 15A (aproximadamente 1.800W), o Furman está apto a proteger até mesmo amplificadores.

E) O voltímetro digital da versão M-8D também ajuda a evitar problemas com variação de corrente. Ela permite acompanhar a tensão e verificar se está havendo grandes variações de voltagem na linha.

As proteções são feitas por componentes eletrônicos do tipo varistores (em azul) situados junto às tomadas.

Em resumo, os equipamentos da Furman são “a linha de frente” para evitar problemas elétricos. Protegem os equipamentos ligados a eles e, em caso de problemas, são os que “se sacrificam”, mas protegendo os outros aparelhos. E no nosso exemplo acima, um Furman de R$ 400,00 está protegendo R$ 7.200,00. Ou seja, o investimento vale cada centavo.

O dono deste amplificador Carvin – um dos melhores do mundo – não quis arriscar. Um Furman PL-8 Plus está instalado junto, para proteção.

Só que perder R$ 400,00 ainda é perder muito dinheiro, pelo menos para nós, brasileiros. Claro que as pessoas ficam aliviadas quando o Furman queima e os outros equipamentos – bem mais caros – não. Mas ainda assim dói perder esse equipamento. Mas isso foi resolvido na série PL-II, que traz como novidade circuitos de proteção para o próprio aparelho.  As novidades são:

– a proteção contra picos e surtos, que na linha PL e Merit é feita rompendo-se componentes, nesta é feita de outra forma mais eficaz, e os componentes não se rompem mais. Preserva-se o investimento feito no condicionador de energia.

– há um circuito inteligente de proteção contra o sobretensão. Se o aparelho de 110V for conectado em 220V, o circuito não permite que o aparelho seja ligado nem que queime, como acontecia com as séries anteriores.

Também houve alguns incrementos na proteção aos aparelhos de áudio. As proteções são as mesmas da linha Merit, mas agora estão “mais eficientes e rápidas”, como informa no site do fabricante, www.furmansound.com.

Também encontramos, no mercado brasileiro, os equipamentos nacionais da Zerotron (www.zerotron.com.br – o site é instável, às vezes está fora do ar) e da Pentacústica (www.pentacustica.com.br). Os produtos da Zerotron são basicamente “cópias” dos Furman (a aparência é praticamente idêntica), com as mesmas características de proteção que os modelos PL e Merit Series.

Já a Pentacústica tem equipamentos revolucionários. Seus modelos PC-4000  e PC-8000 trazem proteções do nível das séries PL e Merit, mas são microprocessados. Existe um “pequeno computador” dentro do aparelho faz testes de AC, testando polaridades e indicando inclusive problemas como fios abertos (neutro ou terra) ou cabos com fases invertidas (neutro com fase, fase com terra). Muito interressante para quem faz grandes eventos (com muitos aparelhos), onde é necessário que todas as tomadas estejam na correta fase, para evitar ruídos. O PC-4000 custa aproximadamente R$ 500,00. Já o PC-8000 custa quase R$ 1.000,00, mas traz voltímetro digital e circuitos mais rápidos e eficientes que o PC-8000.

Uma outra pequena vantagem dos Pentacústica em cima do Furman é que o Furman usa tomadas de 3 pinos de conector chato, padrão americano, enquanto as tomadas usadas no produto nacional permite conectar pinos redondos também.

Para quem já montou ou pensa em montar um som de alta qualidade, um equipamento desses também não pode faltar.