Não tenho muita experiência nessa área, então...
Absorção de médio-agudos e agudos é muito fácil, as roupas das pessoas já absorvem essas frequências facilmente. Por isso que instalamos caixas acústicas no alto, onde as ondas sonoras desse tipo possam ter caminho livre entre o falante e o ouvido do público.
O problema são os graves. Não são facilmente absorvidos, depende muito do material, da densidade dele, etc.
Vou falar um pouquinho de materiais tipo Sonex, porque a maioria do pessoal acha que Sonex serve para tudo. Não é verdade! O site da Sonex:
<!-- m --><a class="postlink" href="http://www.illbruck.com.br/">http://www.illbruck.com.br/</a><!-- m -->
Sonex perfilado (esse mais comum):
Reparem: tem ótima absorção de 500Hz para cima mas não resolve praticamente nada abaixo disso. E são essas frequências que causam aquelas terríveis reverberações.
Mas preste atenção naqueles números em verde, vermelho e azul. 25/35, 35/125, 50/125. São relativos a profundidade do material e densidade. Notem como, quanto mais grosso (e mais denso) ele melhora a absorção.
Esse é o Sonex Roc, um outro tipo. Repare como a absorção de 250Hz já melhora muito quando a placa é de 45mm.
Bem, existem muitos outros tipos de Sonex, mas se você olhar no site, esses são os que melhor absorvem os graves. Mas repare que só acima de 250Hz, praticamente nada abaixo disso. Assim, descobrimos que Sonex e semelhantes não servem para frequências abaixo de 250Hz.
Já li em algum lugar que, com espumas do tipo Sonex, para absorver ondas graves (20-100Hz) precisaríamos de algo como 50cm de profundidade! Impraticável.
Para frequências bem graves, a solução é outra. Ondas sonoras graves tem muita força, e é preciso de algo que gaste essa energia. Em geral, são usados painéis de madeira (folhas de madeira, de pequena espessura, como chapas de mogno, etc) colados em espuma, lãs, etc. A onda sonora bate nessa folha de madeira, que por sua vez pressiona a espuma atrás, gastando energia assim, tentando empurrar a placa. É como um amortecedor de carro.
Mas...falando assim parece fácil. Não é, nem um pouco.
Diferentes frequências exigem diferentes espessuras de chapas e diferentes espumas atrás (tanto em espessura quanto em densidade). E diferentes locais exigem mais ou menos absorção em diferentes frequências (uma coisa chamada MODOS, vide revista Audio, Música e Tecnologia de Agosto/2008 e Setembro/2008).
Por causa das dimensões das salas, determinadas frequências reverberam mais que as outras (são os MODOS da sala), e assim exigem mais aborção que outras para deixar o ambiente mais linear, com resposta mais plana.
Agora, imagine colocar isso em prática...
- para um auditório, onde são feitas palestras, com nenhum uso (ou pouco uso) de instrumento musical, Sonex dá e sobra. É bom para voz!
- para uma igreja, onde temos presença de instrumentos musicais, Sonex sozinho melhora, mas não resolve o problema da reverberação dos graves
- em um estúdio, a coisa é tão complicada que as dimensões das salas de gravação devem ser vistas ANTES da construção. Bons estúdios são construídos assim.
Lá na AudioList, você verá inúmeros projetos de Bass-Traps, absorvedores de graves, etc. Eles ensinam, inclusive como "sintonizá-los" em determinadas frequências específicas. Entretanto, isso só tem validade junto com o cálculo dos MODOS da sala.
Acaba ficando tão complicado (não é impossível, tanto na revista quanto na Audiolist eles apresentam os cálculos de como fazer) que contratar um engenheiro acaba não sendo caro.
Uma outra solução é deixar de usar instrumentos graves, como contrabaixo, bumbo, teclado. Mas aí....
Um abraço,
Fernando