O som no contexto evangélico

Imagine, uma pessoa se coloca à frente de um grupo de várias centenas de pessoas. O ambiente é bonito, moderno, sua estética não é quebrada por quaisquer objetos volumosos se projetando das paredes ou teto. O preletor começa o seu discurso e naquele instante, sem nenhum atraso, todos ouvem nitidamente as suas palavras em volume e tom agradáveis. E mesmo que o programa se estender por três, quatro, ou até seis horas, os ouvintes não sofrerão fadiga auditiva.

Leve a sua imaginação um pouco mais longe. – para uns dois mil anos atrás. Num lago da Galiléia, perante um grupo muito maior, Jesus, o filho do Arquiteto deste universo, entrou num barco, afastou-o da margem e passou a transmitir preceitos de vida e justiça àquela multidão sedenta pela verdade.

Desligue agora a imaginação. Agilize a sua memória e volte à última reunião em que a sua igreja esteve lotada. Quem sabe não teria sido um culto especial de louvor com uma banda completa e vários vocalistas. A mensagem foi ouvida, como imaginamos há pouco? Caso sim, ótimo! O operador de som logrou dominar as variáveis da eletrônica, física, música e arquitetura que compõem (ou comprometem) a transmissão de som. E a mensagem vital da palavra de Deus – a única que tem garantia de produzir frutos de vida, chegou claramente aos ouvidos dos presentes auxiliando no cumprimento do princípio Bíblico de que a "Fé vem pelo ouvir da Palavra."

Agora, pode ser, também, que, ao invés do preletor ter desfrutado da atenção dos presentes, esta foi desviada por interrupções do som, estridentes microfonias ou uma mensagem cantada que ficou inaudivelmente afogada nos sons produzidos pelos instrumentistas.

O que acontece? A mensagem é a mesma. As multidões sedentas existem. Mas porque os ouvintes saem com a impressão de que ao invés de uma mensagem divina, foram bombardeados por "ruídos orquestrados pelo maligno, emitidos pelas enormes caixas de som que só servem para estragar a estética do santuário" – pois a mensagem não é ouvida ou então, é estridente demais e quem mais domina a atenção de todos não é o pastor mas sim o "incompetente" operador do som!

. . . Sim, o "Técnico de Som" – aquele irmão que sente um chamado ao ministério de auxiliar na transmissão da fé – que vem pelo OUVIR. . . . Aquele que geralmente é o primeiro a chegar para o culto e o último a sair, fechando a igreja cansado, frustrado e mau compreendido, tendo visto o dia do Senhor, o sétimo dia, o dia de descanso . . . se tornar numa antecipação das dores de cabeça da semana de trabalho.

O som no contexto evangélico é como espada de dois gumes, uma ferramenta poderosa que pode contribuir tanto à difusão quanto à distração da mensagem do Evangelho. Se temos a melhor e mais vital das mensagens, vamos nos empenhar por transmiti-la de modo condigno com sua importância! A tecnologia está do nosso lado. Que não falte da nossa parte preparo, estudo e ensaio para que uma má transmissão (técnica) desta mensagem não a confira uma aparência inconseqüente ou coisa feita como mero passatempo!

Se algum de vocês tem falta de sabedoria peça a Deus, que a todos dá livremente de boa vontade. Se alguém serve, faça o com as forças que Deus provê, de forma que em todas as coisas Deus seja glorificado. Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, de todo o coração, como para o Senhor, e não para homens. Extraído de Tiago 1:5, I Pedro 4:11 e Colossenses 3: 17 e 23

Estaremos aproveitando este espaço nas matérias seguintes, para abordar tópicos que auxiliem e inspirem os interessados nesta área a fazerem o som da melhor maneira possível – como, alias, ele deve ser feito, devido à relevância vital da nossa mensagem e Aquele a quem destinamos o nosso louvor!

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Com cerca de 25 anos de experiência, o autor, é consultor associado à Audio Engineering Society. David projeta sistemas de som, sonoriza eventos e tem ministrado cursos para centenas de operadores de som e músicos. Originalmente publicado em www.proclaim.com.br

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