Entendido isto... vamos finalmente ao que interessa.
Acho que a grande dúvida se refere a isto: por que promover atenuações diferentes para cada faixa de frequência? Por que não deixar a sala "flat" na sua acústica? Acho que a resposta pode estar nas curvas de audibilidade:
Referentes ao comportamento do ouvido humano em relação aos sons (faixas de frequência) x volumes (dB SPL).
Pelo gráfico, podemos notar que...
- os médios são a região mais sensível do espectro sonoro. Ou seja: ouvimos mais médios que graves e/ou agudos.
- os agudos são menos sentidos que os médios
- os graves são muito menos sentidos que os médios e ainda bem menos sentidos que os agudos.
Assim, a explicação sobre os graves se torna fácil. Devemos deixar um incremento no RT60 dos graves para compensar um pouco a curva de audibilidade, pois o ouvido humano é pobre em perceber os graves.
Seguindo essa linha de raciocínio, então precisamos aumentar também os agudos, não? Nesse caso, não. Na verdade, fazer uma diminuição lenta e gradual nos agudos nos termos propostos é respeitar uma queda lenta e gradual que já existe nos nossos ouvidos, ou seja, natural. Alterar isto é deixar o som artificial. Aliás, essa queda nos agudos é aplicada independentemente se o som é em ambiente fechado ou ambiente aberto. Sim, em ambientes abertos também se faz a mesma coisa.
Aqui, o mérito é Psicoacústica: sentimos uma natural falta de graves, que precisa ser compensada. Já os agudos, a sua falta é pouco sentida, na verdade uma resposta de frequência "flat" entre médios e agudos seria considerada ruim, por artificial.
É o meu entendimento, mas confesso que não muito seguro. Dei uma olhada no livro A Bíblia do Som, onde o Luis Fernando Cysne faz uma bela comparação entre fazer som em ambiente aberto e ambiente fechado, mas não entrou neste mérito.
Na dúvida (aquela saída fácil de quem não entendeu direito o negócio e ainda tem muito a aprender), confie nos seus ouvidos!!!
---------------------------
Detalhezinhos práticos que acho importante citar (para fazer o pessoal pensar).
- absorver agudos é fácil. Conseguir absorção de graves é difícil.
- atenuar um pouco menos os graves em relação aos médios é economizar uma boa quantia de dinheiro, já que será menos tratamento a se aplicar.
- atenuar os agudos é até consequência dos tratamentos destinados aos graves/médios, pois os materiais que absorvem estas frequências também absorvem agudos. Ou seja, "já vem de brinde" no tratamento acústico.
Um abraço,
Fernando