Olá a todos,
Nas décadas de 1970 e 1980, eram comuns caixas de som com controles de equilíbrio tonal. Vejam:
<!-- m --><a class="postlink" href="http://www.audiorama.com.br/polyvox/caixa_acustica.htm#POLYVOX">http://www.audiorama.com.br/polyvox/cai ... tm#POLYVOX</a><!-- m -->
Caixas da Polivox. Repare nas fotos a existência dos controles na seguintes caixas:
Quorus, Polivox 45, 75, 95 e 145.
Aliás, uns amigos tem ainda as Polivox 145, não trocam por nada. Uma delícia de caixa, com quase 30 anos de idade.
Mas equilíbrio tonal em caixa, como assim?
Os controles de tonalidade são implementados via filtros de capacitores e resistores nos equipamentos. Mas não dá para fazer isto com capacitores em uma caixa, pois eles não vão aguentar dezenas de watts de potência. Mas resistores vão.
O que acontece é que os resistores de atenuação, normalmente encontrados em falantes de médios e agudos, podem ser substituídos por uma resistência variável, um potenciômetro.
Se não me falha a memória (muito tempo que não vou na casa do seu Roberto, exímio baterista), a Polivox 145 tinha os seguintes controles nos médios e agudos:
-6 -3 0 +3 +6dB
Vamos imaginar que uma caixa precise de um resistor de 10 Ohms para atenuar corretamente o tweeter em relação ao woofer. Então, colocando um potenciômeto variável que vá de 0 Ohm a 40 Ohms, podemos ter:
- potenciômetro todo aberto = resistência no mínimo (0 Ohm) = +6dB
- potenciômetro na posição 5 Ohms = resistência pequena = +3dB
- potenciômetro na posição 10 Ohms = resistência correta para deixar a caixa flat = 0dB
- potenciômetro na posição 20 Ohms = resistência grande, começa a atenuar além do que deveria = -3dB
- potenciômetro todo fechado (40 Ohms) = resistência grande, atenua bem além do que deveria = -6dB
Claro que, ao alterar a impedância, você altera também a frequência de corte, mas o grande objetivo da época era permitir aos compradores das caixas a ajustar as caixas ao seu gosto. Se você quisesse um som mais "brilhante", coloca em +6dB. Se quisesse um som mais encorpado, coloca em -6dB. Com isto, os agudos ou os graves vão se realçar mais.
Parece uma boa idéia, correto? Mas se isto é tão bom, porque não existe mais? Porque, na época, os controles de tonalidade eram poucos. Muitos aparelhos de som tinham um único controle, para um lado o som ficava mais agudo, para o outro lado o som ficava mais grave, no meio ficava "flat". Um bom aparelho tinha dois controles: graves e agudos. Apenas os ricos podiam comprar um equalizador.
Hoje, até os microsystems mais baratinhos tem equalização de 3 vias, e qualquer sistema médio tem 5 ou 7 faixas de equalização, inúmeras equalizações automáticas (de acordo com o estilo musical, com o gosto do ouvinte, com a idade do mesmo, etc)
No caso do que o amigo do Isinho está querendo, acho que é uma solução simples e fácil de implementar. Inclusive, deixe eu acertar uma coisa que escrevi acima. O esquema de ligação é:
- fios que vem do amplificador => divisor de frequência (se existirem, retirar os resistores originais de atenuação.
- do divisor saem os diversos fios para cada via => potenciômetro variável com 30 Ohms (cuidado com a potência dissipada, deverá ser alta, 30 Ohms x 15W, 30 Ohms x 30W, etc). Ah, pode ser de 40 Ohms, 50 Ohms, não tem problema. Quer sempre dizer: de zero até X Ohms.
- do potenciômetro para os falantes correspondentes.
Com isto, seu amigo poderá pode deixar o som das caixas ao gosto dele. Implementação fácil e barata. Algumas soldas, furos nas caixas e pronto.
Ah, só para evitar decepções depois, NÃO FURE AS CAIXAS NO INÍCIO. MONTE TODO O ESQUEMA E PASSE OS FIOS PARA FORA PELO DUTO. VERIFIQUE SE FICOU DO GOSTO DA PESSOA (SE RESOLVEU O PROBLEMA). SE SIM, ENTÃO SÓ FURAR.
Lembre-se: se a caixa dele está dando pouco grave, provavelmente ela está com um problema mais sério, um grande desequilíbrio. O ideal seria deixá-la flat, com troca de componentes (falantes, divisores, resistores), e não fazer este quebra-galho, ainda que fácil e barato.
Um abraço,
Fernando