Desenterrando o tópico, pois apesar de antigo, foi o que melhor encontrei sobre o assunto.
Fiquei pensando nesta questão de acoplamento e potência, principalmente na afirmação que duas caixas ativas ganhariam apenas 3db e não 6db quando acopladas.
Provo abaixo que o ganho é de 6db, sendo 3db por conta do dobro da potência (cada caixa possui um amplificador idêntico, portanto somando as duas têm-se o dobro de potência elétrica) e mais 3db por conta do acoplamento acústico.
Os testes foram realizados no meu Home-Theater em casa, por questões práticas. A ideia não é avaliar o meu sistema, mas sim a questão do acoplamento.
Equipamentos utilizados:
- microfone ML-70 da Leson, que utilizo para medições de áudio (alternativa barata, com boa linearidade).
- Placa de Som PreSonus AudioBox.
- Software Room Eq Wizard (REW) – Excelente alternativa pra quem não pode comprar um Smaart.
- Home Theater Denon 2310 CI/ Caixas Klipsch B3.
O microfone foi posicionado a 80cm das caixas. Foi aplicada suavização de 1/3 de oitava em todas as medições, para facilitar a visualização, reduzindo o efeito comb que atrapalharia a análise. Seguem resultados:
Teste1 - Caixas encostadas
Verde: Caixa A sozinha.
Azul: Caixa B sozinha.
Roxo: Soma de A+B pelo Software (teórica)
Vermelho: Medição das Caixas A+B (cada uma com o mesmo volume)
Vejam em vários pontos do gráfico a diferença de 6db entre a resposta de cada caixa sozinha e a soma das duas. Em 300hz está fácil de notar (diferença no gráfico de 78db para 84db) ou em 1khz (77db para 83db).
Nota-se que a medição de ambas as caixas juntas bateu com a soma delas pelo software. Houve uma pequena diferença à partir de 6khz, a qual supôs-se que foi causada pela imprecisão no posicionamento do microfone (comprimento de onda em 6kz = 5,73cm, assim qualquer 1cm já começa a ficar fora de fase).
Teste 2: As caixas foram posicionadas a uma distância de 80cm uma da outra, chegando na medição em azul abaixo. A curva vermelha representa a medição anterior, das caixas encostadas uma na outra. Manteve-se a distância entre cada caixa e o microfone o mais próximo possível.
Notou-se a perda de potência em algumas faixas de frequência. Chega-se à conclusão que com o aumento da distância, perde-se o acoplamento.
Teste 3: Tirando o microfone do eixo central, o que representa uma situação real, pois poucas pessoas se encontram exatamente no centro da audiência em um ambiente sonorizado (seja igreja, show, teatro, etc). A vermelha representa a medição anterior, das caixas encostadas uma na outra, medindo-se no eixo. A linha de “cor de burro quando foge” são as caixas encostadas uma na outra, mas medindo-se fora do eixo. A linha verde representa as caixas distantes em 80cm, medindo-se fora do eixo (microfone de frente com uma das caixas).
Nota-se que ao deixar as caixas distantes, na posição medida houve uma queda considerável na potência sonora entre 200 e 1khz, chegando a mais de 10db entre 500 e 600hz! A atenuação entre 1,2khz e 4khz causada na curva das caixas acopladas, pode ter sido causada pela baixa dispersão horizontal das cornetas das caixas analisadas. Mantiveram-se as caixas paralelas neste teste, ficando o microfone um pouco “de lado”. Provavelmente se abrisse um pouco o ângulo entre as caixas, que é comum em clusters, ficaria melhor.
Outro aspecto é que a curva de resposta altera-se bem dependendo do ponto de medição. Assim, no caso de alinhamento de sistemas é importante que se realize medições em diversos pontos e não apenas em um (muito comum sugerirem uma medição no centro do ambiente). O software REW possibilita gerar a média entre as medições, o que ajuda muito.
Caso os moderadores considerem interessante, posso melhorar este post em um arquivo pdf, para virar um artigo do site.